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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 17 de Abril de 2007
Tive a grande honra de ter participado da organização dos primeiros Fóruns Internacionais de Software Livre. Inclusive, convidei o Linus Torvalds para participar do primeiro deles, no ano 2000, como disse em meu artigo anterior. Na época, uma das maiores preocupações dos organizadores era "explicar" o que era o software livre, assim como ampliar a sua cultura. Mais adiante, foi-se procurando cada vez mais ilustrar a viabilidade econômica do modelo de negócios.
Todo o ano em que participo do FISL (falhei apenas um, em 2004, quando participava de um projeto junto à Universidade de Western Cape, na África do Sul) busco documentar o que vi por lá, relatando o amadurecimento e sucesso do evento. Nesta oitava edição, quero destacar a fantástica iniciativa da 4Linux, que fez um evento extremamente focado para divulgar ainda mais o FISL deste ano, mas deixou os participantes com água na boca para participarem dos próximos eventos. A idéia da 4Linux foi aproveitar a passagem dos palestrantes por São Paulo, na escala para Porto Alegre e, desta forma, combinou com a organização do FISL um evento preliminar, com temas complementares ao do evento principal. O 4Linux pré-FISL aconteceu no dia 10 de abril, no hotel Maksoud Plaza, para cerca de 250 pessoas, que ficaram conhecendo o que está por vir no PostgreSQL em uma palestra do Josh Berkus; a facilidade cada vez maior de uso do Asterisk com o Kristian Kielhofner, especialmente com o uso da distribuição AstLinux; a visão do Cezar Taurion, da IBM, sobre a expansão do software de código aberto e seu cenário de convivência com soluções comerciais proprietárias; a necessidade da contribuição da comunidade para o crescimento e sustentação do OpenOffice.Org na palestra de Louis Suarez-Potts e, por fim, a criatividade no uso de thin-clients para a geração de emprego e renda nas palavras do onipresente Jon "maddog" Hall. Representando os usuários de tecnologia, Amauri Zavatini, da Caixa Econômica Federal, falou abertamente sobre o processo de migração para o código aberto e a necessidade de que isto seja feito de maneira consensual, planejada e, especialmente, com respeito aos investimentos anteriormente feitos.
Um dos slides do Cezar Taurion resumiu o cenário de negócios e a visão da expansão do software livre. Certamente, haverá a convivência entre soluções de código aberto e fechado, com uma tendência cada vez mais crescente de que, quanto mais próximo à infra-estrutura e ao software básico, as soluções sejam abertas. Em casos específicos, de soluções bastante especializadas e verticais -- onde a "solução" esteja diretamente relacionada ao poder de competição de quem a utiliza, elas tendem a seguir fechadas. Independente deste cenário, é fato que grandes usuários de soluções tecnológicas, abertas ou não, irão querer de seus fornecedores a garantia contratual de que elas estarão disponíveis em tempo integral.
Ao contrário do FISL, que tem sua larga base de participantes formada por pessoas que já tem alguma intimidade com o software livre, neste evento da 4Linux uma boa parte da platéia ainda estava começando a avaliar esta alternativa. Preocupações com a infinidade de distribuições do Linux e com o efetivo suporte à soluções em software livre apareceram em um grupo de pessoas formado, principalmente, por executivos da área de Tecnologia da Informação. Perguntas como "isto roda no Windows?" também apareceram diretamente para os palestrantes e no momento informal, após o evento, no "boteco 4Linux". Louis Suarez-Potts contou que o número de usuários do OpenOffice.Org (aqui no Brasil, BrOffice), é muito maior no ambiente Windows do que no Linux. Todas estas informações, vindas de palestrantes representando a comunidade de desenvolvimento, fornecedores e usuários, bem combinadas e sem radicalismos, em um evento enxuto e de alto nível, certamente causou um efeito cujos reflexos ainda iremos observar.
Parabéns à 4Linux pela iniciativa, que espero ver repetida nos próximos anos!
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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