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Data de Publicação: 22 de Maio de 2007
Em um artigo anterior tratei do tema Orkut Corporativo. Nele citei uma pesquisa do Professor Derek Keats sobre o que os alunos de instituições de ensino consideram como diferenciais importantes na opção por uma Universidade e extrapolei um pouco para o que os consumidores consideram como diferenciais positivos nas empresas das quais consomem.
Bons restaurantes e mesmo cadeias de fast-food, há uns bons anos, convidam seus clientes para que visitem suas cozinhas e mesmo estoques, acompanhando todo o processo de produção dos alimentos que consomem. Do outro lado de um raciocínio, que parece não ter nada a ver com esta história (mas tem!), estão os reality shows: por alguma razão gostamos de ver pessoas perderem peso em rede nacional, montarem um novo salão de beleza, ou simplesmente viverem uma vidinha vazia e confinada em uma casa com piscina e aparelhos para ginástica.
Imagine se você pudesse conhecer uma empresa fornecedora qualquer na forma de um reality show? Todos os seus aspectos seriam expostos ao extremo, desde formas de negociação até conflitos internos entre os funcionários. Isto é o que acontece no seriado The Office da rede americana NBC. A Dunder Mifflin, pequena empresa fornecedora de materiais para escritório, tem sua rotina documentada ao limite para qualquer expectador interessado. A idéia nem é inédita, o programa da NBC é baseado em outro da BBC Inglesa, com o mesmo nome que foi ao ar pela primeira vez em meados de 2001. Talvez, em função dos recentes escândalos financeiros em empresas americanas e da introdução da lei Sarbanes-Oxley, a versão americana do The Office acabou caindo nas graças dos americanos, mas possui também muitos fãs ao redor do mundo. No Brasil ele é exibido através do canal pago FX.
Em sua edição do mês passado (abril de 2007), a revista Wired usou o seriado The Office para ilustrar uma nova forma de fazer negócios e lidar com os clientes: Transparência Radical. Os clientes devem ter direito a conhecer exatamente como a empresa funciona. Só que, ao mostrar-se totalmente transparente a clientes, a empresa acaba expondo-se também a seus fornecedores e, em especial, a seus concorrentes.Tudo bem! Voltando à pesquisa do Professor Derek Keats, ele concluiu que, ao escolher uma instituição de ensino os alunos consideram recursos de informática, facilidades administrativas e a quantidade de livros na biblioteca no mesmo grau de importância de uma boa instalação elétrica e hidráulica. O diferencial importante mesmo é o valor e a história da instituição, seu corpo docente e a colocação de seus egressos no mercado de trabalho. Tal diferencial, nota-se, é absolutamente público, impossível de se esconder. Bons restaurantes sabem disto. Excelentes "chefs" apresentam programas de televisão de sucesso onde entregam todos os seus segredos e ganham cada vez mais prestígio ao fazer isto.
Hoje, executivos de muitas empresas mantém blogs onde, além de muitas vezes exporem aspectos antes considerados "internos", acabam servindo como uma verdadeira vidraça para a sua corporação. Sim, porque, em muitos destes blogs, todos os visitantes podem colocar seus próprios comentários. De fato, o que está acontecendo hoje é que as pessoas e empresas estão questionando o sentido de se manter segredos profissionais e o quanto isto está relacionado com o sucesso e a vantagem competitiva. Muitos surpreendem-se ao descobrir que a tal vantagem está justamente na transparência radical.
Michael Scott, gerente regional do escritório da fictícia Dunder Mifflin, diz que "uma transação de negócios é sempre pessoal, é a coisa mais pessoal do mundo". Sendo assim, melhor mesmo é fazer negócios com empresas que não têm nada a esconder e que, especialmente, são capazes de admitir seus erros.
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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