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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 26 de Junho de 2007
Um dos sonhos que alimento é o de encontrar um texto meu na Internet, mas atribuído ao Arnaldo Jabor ou ao Luis Fernando Veríssimo. Pode existir motivo de maior orgulho? Brincadeira à parte, acho que a proliferação de informações erradas na Internet é que deveria ser o grande impulso para uma Web Referencial, algo para o que o Orkut e o StumbleUpon, em conjunto, já fornecem boa parte da infra-estrutura.
A idéia do Orkut é, em essência, muito boa. Só entram no site de relacionamento pessoas convidadas por outras. Partindo de um grupo pequeno, de gente conhecida, um foi convidando o outro, que convidou um terceiro, um quarto, um quinto e um "fake". Aí virou zona! O "fake" é aquele sujeito que entra no Orkut, mas que não quer que ninguém saiba quem ele é para poder, dentre outras coisas, bisbilhotar e azucrinar a vida alheia. Uma vez convidado o "primeiro fake", ele convida um "segundo fake" e em seguida comete um orkuticídio, ou seja, apaga-se do Orkut. Assim, em poucos passos, perde-se a referência de quem convidou quem e a festa fica cheia de penetras.
Há outros sites de relacionamento que são bem mais seletivos, como o Linkedin, dedicado especialmente a contatos profissionais e, a meu ver, virtualmente imune a penetras. A filtragem é simples: quanto mais informações são necessárias para o cadastro, menos incentivo o penetra tem. Penetra tem preguiça.
No caso do StumbleUpon, a idéia é oferecer locais na Web que são recomendados de acordo com o perfil do internauta, coletados a partir de estatísticas de navegação de um coletivo. Por exemplo: eu gosto de acompanhar o que há de novo em tecnologias para interfaces de uso. Na minha navegação acabei descobrindo o site DontClickIt. Indiquei ao StumbleUpon que gostei do site e, desta forma, aumento as chances de que outras pessoas, com perfil semelhante ao meu, encontrem o mesmo site. Claro que, no meio disto tudo, o StumbleUpon irá indicar sites em que o objetivo é que eu compre alguma coisa. Mas tudo bem! Há que se ganhar dinheiro neste mundo.
O Google gostou tanto da idéia do StumbleUpon que, sem conseguir comprar o próprio, passou a oferecer, desde o último mês de abril, um serviço semelhante.
De fato, agora temos um grupo de internautas que podem, ao cair em um site com um texto falso, atribuído ao Arnaldo Jabor ou ao Luis Fernando Veríssimo, dar a tal site uma "nota baixa", fazendo com que o mesmo caia no "conceito geral da web referencial". Ainda há dois problemas:
Para a questão dois há inúmeras respostas, com graus extremamente variados de complexidade. Se pudéssemos exigir na "entrada da Internet" a identidade digital de cada pessoa, como um e-CPF ou algo parecido, o problema estaria resolvido. Alguma forma de "incremento de identidade" através da referência de terceiros também poderia ser a solução -- uma pessoa que é referenciada por muitas tem uma chance maior de ser um indivíduo real do que outra referenciada apenas por poucos. Assim, alguém que tenha "um milhão de amigos" no Orkut deve ser alguém muito real. Será?
Para a identificação da veracidade de algum conteúdo na web poderíamos dar "credenciais virtuais de conhecimento" aos indivíduos identificados através de algum dos métodos do parágrafo acima. Desta forma, a "nota" dada por um professor de literatura a um site com textos do Arnaldo Jabor teria mais peso do que a nota dada pelos demais internautas. Como estabelecer este peso no voto já é outra história... Que tal inventarmos o "Prêmio Arnaldo Jabor" para aqueles que melhor identificam a autoria dos textos que circulam pela rede?
Mas de uma forma ou outra, as coisas se ajeitam. Com a quantidade de informações duvidosas na Internet as pessoas estão, cada vez mais, buscando cruzar dados, buscar a referência de alguém para validar uma determinada informação e, de uma forma ou outra, dando "selos de confiabilidade" àqueles portais que buscam oferecer informação de qualidade, com ou sem o apoio de ferramentas que buscam automatizar isto. No ecossistema da Web os "fakes", muito em breve, serão uma espécie em extinção. Ou não?
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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