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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 22 de Julho de 2007
Demorei algum tempo para manifestar, por escrito, minha opinião sobre esta briga VHS versus Betamax para os aparelhos de videocassete. Acho um saco me meter na discussão de especificações de padrões, especialmente quando uns que outros tomam isto de forma tão apaixonada quanto sua preferência por um time de futebol ou outro. Além disto, é necessário ler e entender muito sobre cada um dos padrões, formando, assim, uma opinião que, no mínimo, sirva como referência para mais alguém. Também já vivi o suficiente para saber que, independente de discussões iniciais, vários fatores somados às especificações técnicas, é que irão dizer se um padrão superará outro, se ambos conviverão, ou se ambos serão superados por um novo daqui há alguns anos. Por incrível que possa parecer, padrões absurdamente tradicionais, como o sistema métrico, ainda não são unanimidade.
Padrões, porém, são extremamente importantes! Muitos parafusos, na história da evolução da indústria mecânica, acabaram ficando frouxos em função de conversões inexatas de polegadas para centímetros. É absurdo que, para ouvir um LP importado, tenha que se usar um "adaptador de buraco". Também é um incômodo, para quem viaja bastante, ter que ficar comprando "conversores de tomada" e rezando para que a diferença de tensão e freqüência da corrente alternada não acabem por fritar o barbeador elétrico.
Esta briga entre VHS e Betamax ainda traz, embutida, uma briga entre dois outros padrões: PAL-M e NTSC. Ou seja, independente da minha escolha, agora, por um VHS ou Betamax, ainda corro o risco de não conseguir assistir a um filme colorido em meu televisor. A não ser que eu compre um tal transcoder! Eu já imagino a possibilidade de negócios para empresas que fabriquem e comercializem os tais transcoders... Certamente, com o tempo, vão acabar embutindo o aparelhinho dentro dos televisores ou equipamentos de videocassete.
Eu fico preocupado é com o futuro... Eu sei que não vou resistir e vou acabar comprando um VHS ou um Betamax, torcendo para que a maioria tome a mesma decisão que eu. Mas imagina se, daqui há pouco, um louco qualquer inventa de criar uma coisa que sirva como armazenamento e reprodução de áudio e vídeo ao mesmo tempo? Será que este maluco vai se preocupar com a minha coleção de fitas de vídeo, áudio, meus LPs, e criar algo que, além de tocar a "coisa nova" ainda reproduza as "coisas velhas"? Du-vi-de-o-dó, como diz minha mãe, a Dona Ione! Prova disto são os gravadores e toca-fitas! Algum deles toca aquelas fitas de rolo que usávamos há poucos anos?
Ainda aposto que, se no futuro, alguém se preocupar em criar padrões que respeitem a compatibilidade com tudo o que foi criado antes, este alguém vai ser taxado de louco ou coisa parecida! Mas, se apenas em hipótese, este "tudo o que foi criado antes" seja justamente informações, documentos que fazem parte de todo um conhecimento empresarial? Milhões de milhões de textos e planilhas de cálculo!
Que bobagem pensar nisto, né? É tão fácil jogar coisas fora! Mas sei lá, eu acho que vou ter mais de 40 anos e ainda vou querer ouvir meus velhos LPs...
Abraços ao Roberto Prado, da Microsoft, e ao Avi Alkalay, da IBM!
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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