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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 23 de Agosto de 2007
Trabalho com Linux desde 1993, com softwares abertos desde muito antes. Participei da organização dos primeiros Fóruns Internacionais de Software Livre e ajudei na coordenação do temário e organização de muitos outros. Junto com o Professor Eloni Salvi, o apoio do Professor Derli Schmidt e a especial presença do Fábio Wiebbelling, modelamos a Solis, uma cooperativa de desenvolvimento e integração de soluções em software livre, que emprega mais de 40 pessoas no Vale do Taquari. Mais informações sobre minha carreira e a Brod Tecnologia podem ser encontradas no portal da empresa, no Google ou no Live.
Sempre acreditei na fidelidade aos princípios, aliada a ações práticas que potencializem negócios e expandam o alcance destes princípios. Dentre os princípios da Brod Tecnologia estão a liberdade ampla, total e irrestrita a toda e qualquer forma de conhecimento; o respeito a pessoas e a individualidade, e a ciência de que estamos no mundo (e no mercado) para colaborar e aprender.
Provavelmente por ter tido algum destaque no universo do software livre, graças ao meu trabalho e o das pessoas que estão comigo, acabei me acostumando a crítica e eventual patrulha ideológica, que vão desde questionamentos sobre o fato de eu usar o pine (em 2000, por causa da licença do software) a defender a participação da Microsoft como patrocinadora do 1.o Congresso Internacional Software Livre Brasil (2003, em Curitiba). Há pouco mais de um ano, a Brod Tecnologia presta serviços para a Microsoft, o que faz com que, para algumas pessoas, qualquer opinião que eu emita, pareça estar sendo o porta-voz da mesma.
Explicar plenamente e defender uma posição com relação a certas coisas é extremamente difícil, pois algumas idéias estão tão profundamente arraigadas que a convergência de opiniões é impossível. O Avi Alkalay, da IBM, relatou em seu blog o difícil processo de decisão sobre o posicionamento da ABNT junto ao ISO quanto a proposta do padrão OpenXML. Enquanto a IBM posiciona-se contra o OpenXML, a Microsoft, que participa do comitê técnico junto à ECMA International, defende o padrão, como bem explica Roberto Prado no blog Porta25.
Contar toda a história sobre as discussões da proposta do OpenXML como um padrão ISO seria repetir muito do que já foi escrito. Os trabalhos do comitê de padronização do formato começaram na ECMA em dezembro de 2005. Confesso que, simplesmente observar que a Microsoft evoluiu do uso de formatos binários fechados de documentos para um formato que, descompactado, apresentava arquivos XML que poderiam ser processados como textos, já foi um grande passo. Propor este novo formato como um padrão, colocando a cara pra bater perante uma comunidade que, certamente, iria colocar lado a lado o OpenXML com o ODF (formato usado pelo OpenOffice, mas também pela Sun e pela IBM em seus aplicativos) foi uma atitude extremamente positiva. Houvesse uma votação, em dezembro de 2005, sobre a aprovação do OpenXML como padrão, eu já votaria pelo sim (provavelmente, com comentários, já que uma proposta de padrão certamente passa sem que sugestões sejam recebidas).
Existe cerca de 40 bilhões de documentos armazenados em formatos binários da Microsoft. Estes documentos, abertos com novas versões do Office e salvos em formato OpenXML passam a ser acessíveis por uma série de aplicativos que agora usufruem de um legado de textos e planilhas, que podem servir como base para sistemas de busca de conhecimento coletivo, business intelligence, dentre muitos outros, que podem até ser desenvolvidos como software livre e de código aberto.
E se a Microsoft optasse por continuar usando formatos binários? E se usasse o XML mas não publicasse seu padrão? De fato, eu vejo como uma grande oportunidade esta abertura. O futuro dirá como os padrões irão evoluir. Padrões evoluem com o tempo, com o avanço da tecnologia, com sugestões e críticas. Pode até existir convergência de padrões, quem sabe?
Agora, sempre que eu puder participar com a minha opinião em qualquer coisa que gere a abertura de qualquer tipo de conhecimento, com certeza, o farei!
PS - Sou totalmente a favor do ODF também, antes que alguém possa achar o contrário!
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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