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Mulheres, perdão!

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 05 de Março de 2008

Tenho, graças a Deus, muitas mulheres na minha vida! Desde criancinha. Pude conviver até com minha bisavó e, por pouco, minha filha mais velha não a conheceu. Na época da escola, em meus grupos de trabalho, não raro eu era o único homem. Quando comecei a estudar Física na USP eu matriculava-me em disciplinas de Letras só para compensar o choque de testosterona que eu era obrigado a enfrentar. Quer coisa mais triste que encarar um bando de barbados em um laboratório de mecânica logo no sábado de manhã? Não dá!

Todas as minhas mulheres foram muito pacientes comigo. Aí já começo a pedir o primeiro perdão! Sei que usar o possessivo ao falar delas já irá, erroneamente, fazer com que alguns leitores tirem conclusões sobre o meu caráter. O possessivo, nesse caso, é puramente carinhoso. Claro, tenho meus momentos de querer exclusividade, de querer um pertinho, mas de maneira geral sou seguidor do Sting: If you love somebody, set them free!

O problema é que nasci nerd, cresci nerd e, ontem à noite, ao ir dormir depois do The Sarah Silverman Program e sonhar com uma convenção do Jornada nas Estrelas (onde até consegui um autógrafo do William Shatner!) cheguei à conclusão de que continuo nerd. Por alguma razão, o vírus da nerdice parece atacar mais homens do que mulheres. Cheguei à essa conclusão assistindo a The Big Bang Theory mas acho também que é por alguma deficiência do nosso cérebro masculino. Ao contrário das mulheres, nós só conseguimos nos concentrar, mesmo, em uma coisa de cada vez. Dessa forma somos, desde cedo, apanhados pelo fascínio pelas reprises do Jornada nas Estrelas na TV e é só a partir daí que desenvolvemos nossos temas de conversas, trabalho e estudo. Somos engenheiros por culpa do Sr. Scotty, físicos ou matemáticos por culpa do Sr. Spock e tarados por computadores por culpa de todo o elenco!

Para vocês terem uma idéia, uma das primeiras coisas que fiz, em minha primeira viagem aos Estados Unidos, foi participar de uma convenção do Jornada nas Estrelas, que aconteceu logo após o lançamento do filme Star Trek IV - The Voyage Home. Sim, porque nerd que é nerd não se contenta só com a série original e seus derivados na TV. Temos que prestigiar nossos heróis também no cinema, preferencialmente em pré-estréias! Minha filha Aline, na época com quatro meses de idade, foi filmada por uma TV local de Minneapolis por ser a mais nova participante da convenção. Ganhamos até uns broches por causa disso...

Mas voltando aos tempos de criança, uma vez montei uma máquina do tempo (que obviamente não surtiu o efeito desejado). Juntei um monte de coisas antigas, muitas pilhas, fios e, debaixo da cama, fui montando a engenhoca. Entre os contatos das pilhas e as velharias eu fiz a parte de circulação elétrica com muitas moedas. Achei que a coisa toda não funcionava porque a energia provinda das pilhas era muito pequena. A solução foi ligar na tomada! Chamei minha prima Tatiana para cuidar a porta, peguei um grampo de cabelo conectado à todo o resto do material e enfiei as duas pontas do bichinho nos buracos da tomada. Para meu espanto, o negócio começou a ficar vermelho até que saltou da tomada, atingindo minha prima logo abaixo do pescoço. A marca ela tem até hoje.

Eu sempre quis ter a prova prática de coisas que me eram apresentadas na teoria, especialmente através da televisão. Lembro de um episódio do Batfino onde um vilão, para voar, vestia uma capa amarrada ao pescoço. Reparei então que, em sua quase totalidade, os heróis voadores usavam uma capa e resolvi testar. Minha avó, a dona Nena, tinha acabado de ganhar um novo cachorrinho. Na época, o nome Totó não devia ser assim tão comum. Amarrei uma capa no pescoço do bichinho e atirei de um barranco. Ele sobreviveu, apesar de algumas escoriações. Eu também sobrevivi depois de muito mais escoriações. Acho que os chinelos-de-dedo daquela época não eram feitos do mesmo material molinho de hoje. Apanhei feito um condenado da minha mãe e da minha avó. Totó e eu continuamos amigos, até que um dia, sei lá porque, ele foi levado para uma fazenda distante. Mais tarde descobri que "fazendas distantes" são uma espécie de "céu dos cachorros".

Por essas e outras é que aproveito a Semana da Mulher e o dia 8 de março, que se aproxima, para pedir, mais uma vez, perdão e paciência para todas as minhas mulheres. Esse pedido é em meu nome, mas todos os demais nerds, como eu, podem aproveitar a deixa! Nós somos meio estranhos, meninas, mas podem ter certeza que amamos vocês!

Este texto é um presente especial para a Meire, que participou de algumas pré-estréias de Jornada nas Estrelas comigo, além de estar presente em muitos outros fatos marcantes da minha vida por mais de 20 anos.

Beijão e parabéns pra todas as mulheres!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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