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Cadê a IBM?

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 23 de Março de 2008

A primeira linguagem de programação que aprendi de maneira formal foi o Assembler IBM/360. Em 1982, ano em que concluí meu curso técnico de eletrônica no Colégio Lavousier, meu sonho era trabalhar na IBM. Acabei indo para a NCR onde passei a trabalhar, após alguns meses, com o que era chamado PCM (Plug Compatible Machines) - máquinas que não eram da IBM, mas que podiam conectar-se a seus computadores. Por muitos anos trabalhei, especialmente, no suporte à clientes da área financeira: Bancos, Seguradoras, Bolsas de Valores. Os mainframes da IBM sempre estiveram presentes nestes ambientes, onde as empresas para as quais trabalhei ora interagiam com eles, ora competiam com soluções alternativas. Mesmo passando por uma série bonita de computadores pessoais (Altair, Amiga, Apple, MSX), os que se proliferaram mesmo foram os baseados na arquitetura IBM-PC.

Sou fã de carteirinha da Débora Fortes, Diretora de Redação da INFO e minha amiga de longa data, até de Orkut. Acabo de ler, na edição da revista desse mês, a Pesquisa INFO de Marcas, em especial a feita nas empresas. De cara tomei um susto. A pesquisa apontou as marcas nas quais os CIOs mais confiam. Lá estão, nessa ordem: Microsoft, Cisco, HP e Oracle. Fazia um tempo que eu não ouvia falar em Oracle. Só vejo o nome da empresa em propagandas naquelas coisas que ficam girando nos aeroportos e sempre acho que é porque esquecem de tirar. Mas o susto mesmo foi não encontrar, ali, a IBM. Cadê a IBM?

Fui adiante na pesquisa procurando pelas três letrinhas. Elas aparecem em primeiro lugar nos quesitos Arquitetura Orientada a Serviços, Gestão de Processos de Negócios, Práticas de TI e Servidores de aplicação Web (com o Websphere, baita surpresa pra mim!). No quesito hardware, ela aparece apenas com um modesto terceiro lugar na categoria Servidores, perdendo da HP e da Dell, mas ainda dando de goleada na Sun.

Segundo os dados da pesquisa, os investimentos em tecnologia no Brasil serão da ordem de 46 bilhões de reais (quase 12% a mais do que foi gasto em 2007). Foram 1275 os CIOs entrevistados, sendo que nenhum deles, obviamente, pertencia a empresas fornecedoras de tecnologia. Pesquisas não devem ser lidas de forma crua, puramente numérica. É necessário ter algum conhecimento do mercado e da sua evolução. Notem que das quatro categorias nas quais a IBM aparece em primeiro lugar, três delas estão voltadas especificamente a serviços, mostrando claramente a mudança de orientação do foco da empresa, especialmente na última década. Na categoria servidores, os números que apontam os três primeiros colocados são muito próximos, mas aí pergunto: e em volume de dinheiro, o quanto isso representa? A IBM ainda domina o mercado de mainframes e este tipo de servidores poderia, talvez, ser medido em uma categoria à parte.

Mesmo não vendo a IBM entre as marcas que os CIOs, estatisticamente, mais confiam, penso se não é melhor (e se não faz parte da estratégia da IBM) ter o nome da empresa bem posicionado em itens específicos que refletem seus atuais negócios e planos para o futuro.

Abraços à Débora, ao Avi Alkalay e ao Cezar Taurion!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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