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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 17 de Junho de 2008
Uma das formas através das quais me mantenho atualizado com relação à tecnologia é a leitura de feeds RSS de várias fontes de notícias e blogs confiáveis, nacionais e internacionais. Sempre é interessante ver em meu iGoogle uma notícia pipocando em um bloco e, pouco tempo depois, outros blocos começarem a repercutir a mesma notícia.
Nesse dia 16 de junho aconteceu isso. Uma notícia do IDGNow foi a primeira que vi sobre o patrocínio da Microsoft ao Open Source Census, uma iniciativa ambiciosa visando contar o número de instalações dos vários softwares disponíveis na forma de código aberto. Além da Microsoft, empresas como a IDC, a CollabNet, a Unisys e o Open Source Lab (OSL) também são patrocinadoras. Como tenho acompanhado e participado de iniciativas de interoperabilidade e código aberto junto à Microsoft, não me surpreendi muito com o anúncio. Desde que a Microsoft tornou público seu laboratório de código aberto e começou a postar sobre o assunto no Port25, ainda em março de 2006, a empresa tem sido bastante explícita em sua aproximação com a comunidade de código aberto. Claro, essa aproximação nem sempre foi -- nem é -- bem aceita por todos. Toda a unanimidade é burra, já sentenciou Nelson Rodrigues.
Também é óbvio que, ao patrocinar uma coisa, uma empresa o faz por que essa coisa lhe interessa. Ao patrocinar um censo que trará como resultado um mapa compreensivo e completo do uso de softwares de código aberto, a Microsoft poderá direcionar melhor tanto sua estratégia de aproximação com grupos de desenvolvedores como também avaliar melhor os pontos onde pode vir a perder espaço para a concorrência. Não há maldade nisso. Empresas encomendam, a todo o momento, pesquisas de mercado para tomar decisões, planejar seu futuro.
O termo "conspiração", porém, não tardou a aparecer em um post de Dave Rosenberg para o Open Road. Diz Dave: "Creio que a Microsoft quer acesso aos resultados tanto para entender melhor o open source como para considerar ações legais contra os mais populares produtos e empresas que os desenvolvem". Michael Tiemann, no Linux Today chega a duvidar que o censo trará resultados válidos, apenas mais confusão.
A notícia é nova e ainda irá gerar repercussões de muitos lados. Pessoalmente, acho que já está bem velhinha e cansada essa coisa de achar que qualquer iniciativa da Microsoft voltada ao código aberto é conspiração. Mercados são dinâmicos, assim como as empresas que fazem parte dele devem ser, sob pena de não sobreviverem. A Microsoft também é patrocinadora principal do Community Choice Awards, um prêmio para projetos em código aberto idealizado pelo pessoal do SourceForge e, em uma ação recente, chegou a retirar de seu portal de desenvolvimento colaborativo Codeplex um projeto que não respeitava sua própria política de código aberto, com um pedido de desculpas a OSI (Open Source Initiative).
Há muito ainda o que se fazer? Certamente! Há muito código que ainda pode ser aberto por empresas como a Microsoft, a IBM, a Sun, a Unisys, o Google, e por aí vai. Mas eu sou um daqueles que sempre vou procurar reconhecer as boas iniciativas que levem a uma abertura cada vez maior do conhecimento, mesmo que ela aconteça de forma gradual.
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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