Entre o terno do paulista e a bunda da passista

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 18 de Fevereiro de 2009

Entre o terno do paulista e a bunda da passista, fico com a última sem dúvida alguma. Primeiro por exclusão. Morei em São Paulo por muitos anos e, por conseqüência, o terno era a minha fantasia e a malinha de ferramentas (por um bom tempo) meu porta-estandarte. Meu metabolismo acostumou de tal forma com o terno que deixou pra suar tudo agora. Tenho trauma de enchentes. Acho que, em boa parte, são culpa minha.

Faz tempo que não uso terno em meu dia-a-dia (ainda pode o hífen aqui?). Agora trato meu único terno da mesma forma que uma passista, imagino, trate sua bunda. Meu terno fica lá, escondidinho, guardadinho para as ocasiões especiais. Porque é fato que deve haver muita bunda que só aparece no carnaval. O que acontece com tantas bundas entre um carnaval e outro? Ao contrário do meu terno, devem dar cria. Meu terno segue lá, sobrevivente de uma época em que concorria com outros por uma oportunidade ao sol. No carnaval, ao contrário, há sol (e luzes artificiais) para uma verdadeira overdose de bunda. Da Ana Maria Braga ao Big Brother, dá-lhe bunda! Podiam chamar o carnaval de carnabunda. Afinal, carne abunda.

Tá bom assim. Imagina se fosse ao contrário? Sambistas de terno e paulistas com a bunda a mostra? Deus me livre! Ainda bem que o Luiz Fernando Veríssimo já esclareceu: "Gaúcho que é gaúcho não mostra a bunda pra ninguém!"