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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 08 de Março de 2009
Hélio Ziskind escreveu uma das letras mais bonitas gravadas por ele, no grupo Rumo, em 1981:
Feito um satélite eu vivo rondando essa mulher @@ Às vezes eu chego perto pra ver o rosto dela @@ E é estranho, eu sinto ao mesmo tempo um bem e um mal @@ Coisas de quem ainda não sabe muito bem o seu estilo @@ E feito uma voz quer caminhar em todas direções.
Anos depois, em 2007, Vitor Ramil atacou o mesmo tema em seu "Astronauta Lírico":
Eu, astronauta lírico em terra @@ Indo a teu lado, leve, pensativo @@ A lua que ao te ver parece grata @@ Me aceita com a forma de um sorriso @@ Eu, astronauta lírico em terra @@ Indo a teu lado, leve, pensativo
Nós, homens, não entendemos mesmo as mulheres. A gente fica na órbita, rondando. Tentando manter mais distante a órbita quanto mais perto certo período lunar. A gente não entende nada, mas segue ao lado, leve. Nos enganamos... De leves não temos nada! Somos astronautas líricos em rota de colisão! Certo mesmo estava Lamartine Babo que, usando o caso especial da mulata decretou, em 1950 e pico, algo que pode ser generalizado para todas as mulheres:
A lua te invejando faz careta @@ Porque mulata tu não és deste planeta
Um carinha sem noção disse que os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus. Nós, homens, somos terrenos. As mulheres são celestiais. Ao menos a minha é, foi o que a minha mãe disse: tua mulher pra te aguentar só pode ser uma santa! Minha mãe sabe! Tem longos anos de experiência no convívio comigo.
Gosto tanto de mulher que, com a minha, fiz mais três. Pensei que assim eu iria aprender a lidar com elas. Nada! Quando percebo, estão todas de cara comigo e eu perguntando: "O que foi que eu fiz desta vez?" -- já adiciono o "desta vez" pra dar a entender que já sei o que fiz em outras vezes e não estou repetindo. Não adianta! A resposta sempre é: "Desta vez? Não é a primeira e patati patatá...". O patati patatá é o momento em que desliguei tentando lembrar quais dos erros estou repetindo. Mulher tem uma memória!
Quando nasceu minha primeira filha perguntei para o Dr. Arnaldo Ferrari se esta tinha manual de instruções. Nada! Foi-se a minha oportunidade de extrapolar os conhecimentos adquiridos com a leitura de tal manual para meu relacionamento com todas as mulheres. Esta minha filha, a Natália, está no segundo ano de medicina (depois de cursar dois anos de engenharia de bioprocessos). Ela sabe até do meu esfincter social (que eu juro que não tenho!) e eu ligo pra ela pra perguntar como chegar na casa dela em Porto Alegre.
As mulheres estão tão a frente de nós, pobres homens, que elas já descobriram o significado do "mesmo lugar de sempre":
-- Meire, cadê o milho de pipoca?
-- Tá no mesmo lugar de sempre!
A única coisa que sei sobre o "mesmo lugar de sempre" é que ele é um lugar mágico, que nunca está no mesmo lugar. Lá no escritório também é assim:
-- Joice, cadê o milho de pipoca?
-- Tá no mesmo lugar de sempre!
Da última vez em que ela me falou isto eu voltei pra casa pra ver se o lugar de sempre do milho de pipoca ainda era o mesmo. Pergunta se era?
Por isso mesmo que, os caras que têm o dom, fazem poesia. Dizem que ficam orbitando, que são astronautas líricos. Tudo pra dizer que ainda não entenderam nada de mulher. Se tivessem achado o "lugar de sempre" não estavam orbitando, como quem não quer nada, leves e pensativos... Vão catar coquinho! No lugar de sempre!
Isto tudo só pra dizer que não entendo nada mesmo de mulher! Mas gosto assim mesmo e adoro que elas tenham este dia especial onde posso, oficialmente, homenageá-las! Nos outros dias as homenagens são extra-oficiais!
Beijão, mulherada!
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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