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Crônicas da Latinoware 2009 - Parte 2

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 04 de Novembro de 2009

Eu havia coordenado o temário da primeira edição da Latinoware, em 2004. Desde então, nunca escondi o fato de que gostaria de executar novamente este trabalho. A necessidade de fomento de uma maior colaboração entre os países latino-americanos já tinha ficado mais do que evidente para mim quando apresentei minha parte da pesquisa para o trabalho Free as in Education, promovida pelo ministério de apoio ao desenvolvimento da Finlândia.

Neste ano, quando encontrei os organizadores da Latinoware no FISL, em Porto Alegre, fui um pouco mais agressivo com a proposta que eu e a Joice apresentamos. Já havíamos falado com o Jon "maddog" Hall, meu eterno padrinho, para garantir sua agenda. Depois com o Fred Brooks Jr (cujo livro O Mítico Homem-Mês eu acabara de traduzir) e com o Peter Salus. O Fred nunca havia estado no Brasil e o Peter viria pela segunda vez. Foi do Peter a ideia de que devíamos celebrar os 40 anos do Unix, da Internet, do Linus Torvalds e da barba do "maddog". Mais adiante, a Kristina Chodorow lembrou-nos que neste ano celebramos também os 40 anos das bases de dados relacionais.

Eu tinha a maior curiosidade de conhecer pessoalmente o autor da "Lei de Brooks", sobre a qual tanto falei para as equipes de projetos com os quais me envolvi. Sou fã mesmo do homem e não nego. O que eu não imaginava era que, entre os demais palestrantes, havia tantos outros fãs. A presença de Mr. Brooks no café da manhã do hotel Bella Itália não passou incólume. Virou uma sessão de autógrafos tanto da versão original quanto da versão traduzida. Apenas para variar, esqueci em casa minha edição de 1975 deixada separadinha para a ocasião. Ainda bem que o "maddog" trouxe duas e presenteou-me com uma, que só aceitei depois que ele também aceitou uma edição em português que eu tinha comigo. Acabei autografando, no embalo, a versão traduzida do livro do Fred para o "maddog", Timothy Ney, Eduardo Maçan, Rubens Queiroz, todos, como eu, fãs do Fred. Ver o Fred conversando com o "maddog" e depois ouvir o Stephen Spector dizer-me que nem conseguia acreditar que havíamos trazido o Fred ao Brasil, foi o máximo. Melhor ainda é ter um autógrafo do Fred dizendo "para meu tradutor favorito!". Orgasmo nerd!

Pena que na palestra do Fred havia poucas pessoas. Conversando com o Peter Salus, o "maddog" e o Queiroz, chegamos à conclusão que temos que, cada vez mais, recuperar a história da tecnologia em eventos como este. Muitas pessoas acreditam que as licenças proprietárias de software são um fato posto desde o princípio e somos contra isto. Na verdade, para muitos de nós "mais velhinhos" as licenças proprietárias foram uma novidade para uma comunidade já acostumada a livremente compartilhar seu código. Isto ficou muito claro na palestra do Peter e ainda mais em seu livro "The Daemon, The Gnu and The Penguin". Obviamente, também ganhei este livro autografado, junto com uma gravata feita a mão pela esposa do Peter, a Mary Salus.

A Joice acabou por perguntar a algumas pessoas porque elas não haviam participado da palestra do Fred e descobriu que muita gente não havia ligado o nome à importância da pessoa. Quando ela falava que o Fred era o autor do "O Mítico Homem-Mês" todos ficavam muito chateados por terem perdido a palestra. Foi culpa nossa não termos explicado melhor, na divulgação, quem era nosso keynote. Até o fizemos no portal, logo no comecinho, mas faltou um reforço. Espero, no ano que vem, trazer ainda mais gente que conte a história da livre troca de conhecimento que sempre aconteceu. Só não entrego os nomes pra não estragar a surpresa!

Mas, voltando ao Peter Salus. O maior presente que ele nos deu foi apresentar-nos sua filha, a Emily Salus, responsável pelo marketing da CollabNet, a empresa mantenedora do Subversion. Não tínhamos mais verba para trazer nenhum palestrante mas fiquei encantado com a possibilidade de ter, na Latinoware, alguém responsável pelo marketing de um produto distribuído como software livre. Nesta Latinoware a gente queria mostrar como é possível ter modelos de negócios com software livre, ilustrando com casos reais. O da CollabNet viria a calhar. Conversei com a Emilly e ela conseguiu vender a ideia de sua participação no evento a seus superiores, que arcaram com os custos de sua viagem.

O da Emily não foi o único caso. Muitas empresas já tinham seus orçamentos para patrocínio de eventos comprometidos e não podiam mais enviar dinheiro para a Latinoware. A Citrix, grande colaboradora para o desenvolvimento do ambiente Xen para a virtualização de hardware, bancou a vinda do Stephen Spector. Mas o que eu achei mais legal foi que nenhuma destas empresas exigiu logo na página ou no material de apoio. Nós colocamos mesmo assim. A Citrix, então, pediu que substituíssemos seu logo pelo da comunidade Xen.org. A RedHat teve a mesma elegância, mas merece um artigo à parte!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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