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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 17 de Janeiro de 2011
Uma de minhas leituras recentes foi "Startup", da Jessica Livingstone, uma das fundadoras da empresa Y Combinator, que busca investir em ideias inovadoras, com potencial de tornarem-se grandes empresas. Em "Startup", Jessica busca saber de pessoas que participaram do início de várias empresas quais foram os fatores que as motivaram, onde acertaram, onde erraram e o que recomendam a novos empreendedores. Em especial, gostei das entrevistas do Steve Wozniak, co-fundador, com Steve Jobs, da Apple; do Max Levchin, PayPal, do Mark Fletcher, Bloglines e do David Heinemeier Hansson, 37signals. Qualquer buscador da web leva a mais informações sobre estas pessoas e suas empresas.
Foi o Rubens Queiroz, quem emprestou o livro à minha sócia, a Joice, depois de uma conversa que tiveram sobre algumas ideias que estávamos desenvolvendo para 2011. Como eu disse em outro artigo, em 2010 comprimimos a mola, 2011 é o ano de deixar que ela nos leve a vôos bem legais e prazerosos. O livro serviu como uma base importante para o nosso planejamento estratégico, para enfatizarmos algumas coisas e simplesmente deixarmos de lado outras.
Em resumo, Jessica mostra, com seus entrevistados, que o mais importante de qualquer empreendimento é a gente ter tesão naquilo que faz, estar apaixonado mesmo. Esta coisa que nos dá tesão pode aparecer de forma não muito evidente, como um projeto secundário que a gente começa a fazer só porque gosta, sem pensar em ganhar dinheiro. E aí é importante, também, não pensar que é pecado ganhar dinheiro fazendo o que nos dá prazer. O bom empreendedor é aquele capaz, justamente, de descobrir como ganhar dinheiro divertindo-se.
Entre o final do ano e o começo do outro a gente faz muitos planos, muitas retrospectivas. Não deixo de lembrar dos empreendimentos que comecei, os que deram certo e os outros que serviram como aprendizagem. Cursos bem caros, diga-se de passagem. Mas, afinal, é errando que se aprende. O que está bem claro para mim, hoje, mesmo antes de ler o livro da Jessica, é que, como diz o Roberto Freire, sem tesão não há solução.
Com exceção de meu primeiro empreendimento, a B&F Informática e Pesquisa em Biossistemas, lá dos anos 80, com o grande amigo Nelson Fontoura, os outros empreendimentos dos quais saí foi porque acabou o tesão mesmo. A B&F desenvolvia e comercializava o Prod1, um sistema de simulação e gestão de fazendas de peixes e crustáceos. O programa auxiliava ao criador a levar os animais ao maior peso nas épocas de maior preço de venda. Também ministrávamos cursos de informática para médicos e para profissionais de ciências biológicas. A empresa acabou porque tanto eu como o Nelson tivemos outras oportunidades boas fora da empresa. Ainda tentamos mantê-la por algum tempo, mas ela era muito "a nossa cara" e, sem nós, ela não faria sentido. Mas não deixamos nenhum cliente na mão e muitos contatos que fizemos naquela época ainda são mantidos até hoje.
Claro que, em qualquer empresa, há a parte chata. São necessários controles, burocracia, pagamento de impostos, etc. Mas no final de cada dia, o prazer deve compensar imensamente a dor. O livro também ensina que a razão do tesão às vezes muda. Começa-se uma empresa com um determinado projeto e, de repente, um projeto secundário toma conta. Aí é importante ser racional e preocupar-se com o mercado. Afinal, independente de nosso projeto ou empresa, lidamos entre pessoas. Não há relação que não seja pessoal. Simplesmente abandonar um projeto porque encontramos outro que nos excita mais dá aquela impressão de que temos iniciativa e não temos acabativa. É importante que, mesmo decidido que não mais faremos parte de um determinado projeto ou empresa, que nunca deixemos clientes na mão e o mercado a ver navios. Se fizermos isto, quem ficará a ver navios somos nós mesmos.
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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