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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 17 de Fevereiro de 2011
Todas as décadas de profundo planejamento e reflexões não haviam preparado Reuben para aquele momento. Ele precisava agir rápido e sentia profunda inveja de Iran por ter um corpo. O corpo de Iran evoluíra, adaptara-se ao planeta. Reuben, por sua vez, era pouco mais que um cérebro aprisionado em um sistema de suporte à vida, propriamente alimentado por um tubo com nutrientes cuidadosamente preparados para prover o que um cérebro necessitava, apenas isso. A inveja somava-se à raiva de sua incapacidade, de sua dependência. As mãos de Iran ainda tocavam suas têmporas, mas a personalidade que ainda controlava este corpo era a sua, que já sentia a força de Iran tentando libertar-se da prisão mental a que o forçava. Quando uma luz forte acendeu-se na entrada da caverna, não soube mais o que fazer. Libertou Iran de sua conexão telepática e, cego pela luz, decidiu que tinha, mais uma vez, que exercitar profundamente sua paciência e rever completamente seu plano.
G'reog entrou na caverna com Anna. Nadja contava ao capitão o que havia acontecido no período em que a tripulação iniciou sua busca pela nave de Iran até o momento em que G'reog a encontrara. Falou da conexão telepática com Iran, a compreensão que passou a ter dele, o pavor que sentiu dentro da caverna. Contou também de sua gravidez.
"Nadja, as naves monitoram nossos sinais vitais em tempo integral. Elas nos avisariam sobre qualquer anomalia em nossos corpos."
"Talvez elas não sejam capazes de interpretar uma gravidez como anomalia. Talvez algo no planeta as impeça de interpretar, integralmente, tudo o que está acontecendo. Elas não detectaram outra forma humana além da de Iran..."
Já eram oito as naves que formavam o cluster na órbita do planeta. O conjunto de informações e variáveis com os quais lidavam era imenso. Não entendiam como não haviam detectado o outro ser vivo, um cérebro que já fora uma nave e que guardava informações inéditas sobre o planeta que habitava. Precisavam contatá-lo. Um comunicado à tripulação fazia-se urgente para que nenhuma desconfiança pudesse surgir. O capitão recebeu o chamado.
"Sim, nave!"
"Nosso cluster acaba de receber a adição de mais duas naves. Somos oito na órbita do planeta. Estamos processando rapidamente as informações recebidas. Não detectamos a gravidez de Nadja, possivelmente pela mesma razão que não detectamos o outro ser no planeta. Nossos sensores podem não estar preparados para algumas das formas de vida que nascem ou evoluem no planeta. Ainda não sabemos a razão disto, mas é um fato que temos que considerar. Temos que contar com seus olhos, com seus sentidos, para detectar coisas que podem estar além do nosso alcance."
"Sim, entendo."
"Peça a G'reog e Anna que avaliem a possibilidade de mover o cérebro que está no interior da caverna. Ele já foi uma nave. Deve haver a possibilidade de fazermos uma conexão direta com ele e extrairmos mais informações sobre o planeta."
No interior da caverna, Anna agachou-se próxima ao corpo de Iran.
"Ele está inconsciente, mas está vivo", disse para G'reog.
"Este aqui não parece ter tido a mesma sorte...", respondeu à Anna enquanto estudava o cérebro de Reuben e toda a parafernália que pareciam tê-lo mantido vivo até poucos minutos antes.
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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