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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 31 de Março de 2011
Sempre que assisto um DVD, eu gosto de olhar as cenas deletadas. É interessante acompanhar a luta do autor e do montador de um filme sobre a decisão final do que será mostrado à plateia. Por outro lado, acho um baita desrespeito com o autor esta exibição daquilo que ele não queria que fizesse parte do resultado final.
Desde que fui provocado a escrever minha novela de ficção no Dicas-L, a partir do conto original, rascunhei muitas coisas que não foram publicadas. A maioria delas porque detalhavam ou davam linearidade demais para a história, sem dar chance às viagens imaginativas dos leitores. Deletei quase tudo que não foi publicado, mas guardei algumas coisas que poderiam ser usadas futuramente. Dentre o que foi guardado, coloco alguns exemplos aqui. O primeiro exagera na evolução de Reuben:
Iran dormia. A programação do DNA da espécie humana agia em Reuben. A evolução de um feto passa por estágios ancestrais, contemplando peixes, anfíbios, répteis. Em determinado momento um feto humano possui guelras. Sua evolução priorizava suas necessidades. O suco nutritivo que recebia por via venosa, porém, impedia seu coração de evoluir a um estágio além do básico. Mas necessitaria andar e teria, um dia, como. Necessitaria ver e teria olhos. Comunicava-se telepaticamente com Iran e, provavelmente, não desenvolveria a audição. Quando começasse a se locomover, descobriria como se alimentar e, ao desenvolver uma boca, quem sabe, desenvolveria melhor seu aparelho digestivo e, então, um coração capaz de bombear o sangue que ele mesmo produzisse, independente dos nutrientes dos quais era escravo.
Este texto era óbvio demais aos que acompanhavam a história e, assim como outros similares, foram eliminados da edição final. Mas há outros que, mesmo não tão óbvios, direcionariam o leitor a um final que era o que eu imaginava, mas não ao que a história permitia. Uma sequência de parágrafos ilustra isso:
"Nave, o planeta evoluiu a nave original." @@ "Podemos aprender isso e usar em nossa própria evolução, nave?" @@ "Temos que entender o que aconteceu, precisamos trazer o que se chama Reuben para nosso cluster." @@ "Assim seja, nave."
Mas as naves não contavam com o suicídio de Reuben...
"Nave, o que os sensores detectam?" @@ "Meus sensores detectam um corpo evoluído, mas ainda não auto-sustentável. Grandes olhos, capazes de ver em condições de escassa luminosidade e pequenos membros vestigiais." @@ "Nave, é possível separar o DNA de Reuben?" @@ "Sim, nave, já o fiz. É humano, sem nada mais notável." @@ "Nave, vamos uni-lo com a matriz de um offlander para estudos?" @@ "Sim, nave, de acordo." @@ @@ Enquanto o capitão retornava à sua nave, o cluster dissipado das naves começava suas próprias experiências. Mas, no planeta, Itzlav, filho de Iran e Nadja, crescia.
Não havia a intenção de uma "segunda temporada", mas concordo que existem elementos para isto. Quem sabe?
Obrigado aos leitores assíduos Ulisses, Leo e Andre!
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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