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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 11 de Março de 2013
No início de março de 2013 participei da festa celebrando os dez anos da Solis, a primeira cooperativa do mundo a trabalhar, exclusivamente, com o desenvolvimento e integração de soluções em software livre. Foi muito bom rever os amigos que participaram do projeto de construção deste empreendimento, em especial o professor Eloni Salvi e o Fábio Wiebbelling. Como representantes do primeiro conselho administrativo da Solis (que, de fato, foi oficialmente criada em janeiro de 2003) estávamos eu e a Josi Petter. A Josi é formada em História com pós-graduação em Cooperativismo e, durante a festa, muito o que fizemos foi "historiar" mesmo, junto com muitos amigos e com muito orgulho, do mesmo jeito que fazem os pais ao babar em cima de suas crias.
Muitos dos que começaram na Solis em 2003 são, hoje, pais e mães. Isto quer dizer que há uma criançadinha crescendo em um ambiente onde seus pais são capazes de ganhar a vida trabalhando com conhecimento livre. Perguntei-me, muitas vezes, porque o modelo de negócios da Solis não foi ainda mais copiado. Afinal, não acredito que não existam no Brasil (e mesmo no mundo) mais lugares onde é possível combinar um celeiro de inovação e talento com uma juventude que acredita no livre compartilhamento de todos os tipos e formas de conhecimento. Não é que eu tenha deixado de me fazer esta pergunta, só que hoje não dou mais tanta importância a ela.
Além de pais, muitos dos que começaram na Solis como alunos do Centro Universitário Univates são, hoje, professores na instituição. Assim, há alunos aprendendo com professores que estão em um mercado de trabalho moderno, no qual o remix, sem medo, de códigos e ideias é a base da nova e verdadeira inovação.
Em seu discurso de boas-vindas, o presidente da Solis, Armando Taffarel Neto, fez questão de frisar a natureza jovem da Solis e seu destemor em errar e acolher os erros como lições. A Solis ficou entre as melhores empresas de TI para se trabalhar em 2010, de acordo com a Computerworld, com destaque para a qualidade de vida de sua região e o investimento da cooperativa na formação contínua de seus colaboradores. Se, em 2003, a grande maioria dos cooperados eram alunos de graduação, hoje boa parte deles já avança em mestrados e doutorados. A Solis também preza a diversidade: seus cinquenta cooperados vem de vinte cidades diferentes. Seus mais de 100 clientes estão espalhados por mais de dez estados brasileiros. A Solis capta receitas no Brasil inteiro e as investe, especialmente, na região onde está sediada, onde seus profissionais criam seus filhos, estudam e dão aulas.
Uma parte dos colaboradores da Solis saiu da cooperativa para aventuras em outros empreendimentos que geraram novas empresas como a Sol7, a Adianti, a ITS e outras, todas trabalhando com softwares livres.
Talvez a razão principal pela qual eu deixei de perguntar-me, com tanta frequência, porque o modelo da Solis não é replicado da forma e em quantidades na qual eu acredito que poderia sê-lo, é que descobri que perde-se tempo demais, com perguntas, o tempo que pode ser usado na construção de exemplos que eliminem as perguntas - ou tornem óbvias as respostas a elas. Isso é mais ou menos análogo à velha pergunta que nos fazíamos sobre o porque do Linux "não pegar" nos desktops e, de uma hora para a outra, apenas observarmos que hoje ele é a maior base operacional em dispositivos móveis - por razões óbvias para as quais perguntas são desnecessárias.
Mas, além de mandar meu abraço e parabéns a todos da Solis pelos seus dez anos, vou aproveitar para contar algumas curiosidades do início da cooperativa:
Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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