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Vida longa aos livros!

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 19 de Novembro de 2013

Ontem, antes de dormir, li mais um capítulo de Blink, do Malcom Gladwell. Na noite anterior eu havia assistido o último capítulo da minissérie britânica The Hitchhiker's Guide to The Galaxy, do Douglas Adams, cujos livros gosto tanto que sempre os recompro e dou de presente a meus melhores amigos.

Em Blink, Gladwell fala das decisões que tomamos e sobre as conclusões às quais chegamos de forma aparentemente instintiva quando, de fato, elas são resultados de um trabalho rápido e minucioso de nosso subconsciente, tomando por base o conjunto de todo o nosso aprendizado em nosso tempo, combinado - sim - à nosso arcabouço ancestral de instintos. No capítulo dois, o livro conta a história de Vic Braden, treinador de tênis, que era capaz de prever quando um tenista erraria um lance, mas não era capaz de explicar como fazia isso. Certas regiões do nosso cérebro são capazes de processar informações em uma velocidade muito superior à qual nosso consciente pode explicar. Um efeito visível disso são aqueles sonhos que parecem durar horas quando, de fato, são resultado de um cochilo de poucos minutos.

The Hitchhiker's Guide to The Galaxy foi escrito muito antes de Blink. Um dos temas centrais do livro é a busca pela resposta à uma explicação sobre a vida, o universo e todas essas coisas. A resposta é simples: 42. Para entender a real pergunta, porém, seres pandimensionais (que nós conhecemos como camundongos) encomendam a construção de um computador que nós, humanos, pensamos que é o planeta Terra.

A relação entre os livros passou a existir, talvez, só na minha cabeça, mas ela parece clara. Para tomarmos decisões, chegarmos à conclusões, temos que formar um bom repertório de informações (dos mais variados tipos) com as quais nosso cérebro possa trabalhar em níveis subconscientes que, talvez, levemos algum tempo para compreender. E para fazer boas perguntas nada melhor do que confiar nesse computador que é formado por um monte de pessoas, cada vez mais conectadas. Eu quis colocar esse contraponto entre o fato de eu ter lido um capítulo do livro em um dia após ter assistido ao seriado para enfatizar a relação que acabei estabelecendo entre os dois. Eu não sei se ela teria ocorrido, da mesma forma, se eu tivesse também assistido a um documentário sobre o livro de Malcom. A leitura parece permitir ao consciente pausas reflexivas - a gente lê e, de tempos em tempos, para e pensa sobre o que leu. Ver e ouvir a um fluxo de informações, tipicamente, não nos permitem a mesma pausa. Ao menos, não é usual ficarmos pausando um filme ou uma música para refletirmos sobre seus conteúdos - com a exceção de um eventual estudo formal sobre os mesmos.

Por outro lado, será que precisamos mesmo de pausas reflexivas conscientes? O melhor - e mais eficaz - não seria simplesmente alimentar o cérebro com o maior e mais rápido possível fluxo de informações e permitir que os mecanismos inconscientes as processem?

Interessantemente, parece que o alimento para pensamentos e divagações como estas estão, em sua maior parte, em livros. Não importa se sua leitura se dá por meio de folhas de papel ou em um tablet, mas penso que o modelo crítico que permite o trabalho para as rápidas decisões do subconsciente é formado pelo conjunto de questionamentos conscientes que formulamos. A resposta pode surgir de forma rápida, graças a mecanismos, por vezes, incompreensíveis, mas para fazer bom uso dela, temos que ter pleno conhecimento sobre a pergunta.

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O Linkedin acaba de criar um canal sobre os livros que provocaram mudanças em várias pessoas. Li vários entre os que estão lá, mas fiquei muito feliz em ver listado, por Elliot S. Weissbluth, fundador e presidente da HighTower, Stranger in a Strange Land, de Robert A. Heinlein. O Rubens Queiroz de Almeida emprestou-me esse livro e, lembrando dele, concordo com Elliot em dizer que o livro nos ajuda a acreditar que o mundo é um lugar fundamentalmente bom.

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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