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Código de Área 51

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 20 de Janeiro de 2014

Porto Alegre é uma cidade que parece saída de um livro barato de ficção científica, daqueles que tratam de estranhos universos paralelos. Os gaúchos da cidade destacam-se dos demais do estado do Rio Grande do Sul, especialmente, por seu sotaque e linguajar, que inclui a mania de encurtar palavras e trocar os nomes de logradouros públicos por outros que acham mais apropriados.

Reza a lenda que o final de semana virou findi em Porto Alegre, assim como refrigerante virou refri e bicicleta bici. O Parque Farroupilha, a Rua dos Andradas e a Voluntários da Pátria são, respectivamente, a Redenção, a Rua da Praia e a Volunta. Mas bah que tu não sabia? Bem capaz!

Uma coisa muito bacana, na cidade, é tri legal, uma gíria possivelmente originada na conquista da copa do mundo de 1970 e nunca mais atualizada. Quando algo já encheu o saco, deu pra ele.

O por de sol da cidade é de outro mundo. Tri lindo, é atração turística. Visto do Gasômetro (nem pergunte!), avermelhando o Rio Guaíba nos finais de tarde, o fenômeno é aplaudido diariamente por milhares de portoalegrenses e visitantes que, arrastados pelos primeiros, não conseguem entender as razões por tal fascínio.

O próprio Guaíba não é um rio, mas um estuário formado por cinco rios que desaguam na Lagoa dos Patos. Visto de cima, o estuário lembra uma mão, daí o nome da cidade vizinha, Viamão. E a lagoa também não é lagoa, mas uma laguna, já que deságua, na cidade de Rio Grande, formando a nascente do oceano Atlântico, como afirma o filósofo e naturalista Kledir Ramil.

Com todas essas idiossincrasias, nada mais natural que a cidade de Porto Alegre e sua vizinhança tenham sido agraciadas com o código de área 51 para a discagem direta à distância: referência explícita à região dos Estados Unidos onde são mantidos os alienígenas capturados, vários colaborando, hoje, com o governo americano.

Que Porto Alegre é um dos destinos preferidos dos ETs, todo mundo sabe. Não há melhor lugar no mundo para que gente estranha passe despercebida. O pessoal aterrissa por aqui e parte para a conquista dos demais recantos do país e do mundo. O esquema que mais deu certo, mantido até hoje, é o de uma raça reptiliana polimórfica que se espalhou pelo planeta como famosas modelos internacionais. Os cientistas da espécie já resolveram a questão da reprodução entre espécies e várias delas já estão dando crias. Em três gerações, no máximo, estará tudo dominado, segundo Aécio Neves, um dos machos reprodutores coadunados pelos reptilianos.

Que os ETs estão envolvidos no mundo da política também não é novidade alguma, ainda que nos Estados Unidos isso seja melhor documentado, em Porto Alegre a coisa é encarada com tal naturalidade que não chega a gerar polêmica ou manchetes de jornais. O único problema é que, nesse verão, os amigos de outro mundo exageraram em seu plano de aquecimento global e estão tornando a vida humana insustentável na cidade. Esta é, de fato, a verdadeira razão da volta da deputada Manuela D'Ávila ao Rio Grande do Sul.

Mesmo que Porto Alegre seja tecnologicamente antenada, muitos assuntos ainda são intrínsecos à cidade: eles não ultrapassam os limites dos bares do Bom Fim ou das rodas de chimarrão da magrinhagem na Redenção. Há quem especule, por exemplo, que o governador Tarso Genro, de fato, não existe como humano desde 2010. Sua mente estaria dominada por uma colônia de micro-ETs, daqueles que se disfarçam em vírus da gripe e espalham-se de um corpo a outro por meio de espirros.

Aliás, falando em vírus, as técnicas de invasão à Terra funcionam mais ou menos como vírus de computador. Primeiro vem o vírus, depois o antivírus. É necessário saber que os ETs estão entre nós desde tempos imemoriais. Eram os deuses, astronautas? - já perguntava Erich von Däniken. Eles acompanham, em primeira mão, a nossa tecnologia de rádio, radares, telescópios, etc. A cada novidade, alertam seu planeta natal. Nos dias de hoje, só os ETs muito desavisados e sem noção - ou os que exageram na cerveja romulana - acabam detidos na área 51 (a dos Estados Unidos) ou são obrigados a se esconder no meio do mato, como é o caso do Bilu.

Em um destes dias tórridos de verão, enchi a garrafa térmica com água quente e saí para ver o por do sol no Gasômetro. Logo depois dos aplausos, quando os turistas já viravam os olhos despreparados para outros lados, eu e outros conterrâneos percebemos, no meio daquele belíssimo espetáculo de cores, uma chuva de pequenos losangos metálicos que mergulharam no Guaíba sem maior alarde. O olhar trocado entre nós já anunciou a sequência de eventos. Naquela noite faltaria cerveja nos bares do Bom Fim.

Será que continua?

Mais:

As coisas que Porto Alegre fala

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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