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Por Cesar Brod
Data de Publicação: 19 de Março de 2015
Faça uma experiência. Pegue um jogo de memória com, no mínimo, doze pares de cartas. Não use elementos abstratos e, sim, imagens facilmente identificáveis (animais, frutas, objetos). Caso você não tenha nenhum disponível, na web você encontra inúmeras opções. Procure no Google por:
printable memory game OR cards
Para facilitar sua vida, você pode baixar esse baralho, imprimir duas cópias em papel de boa gramatura e recortar, apropriadamente, as cartas.
Para começar, separe apenas uma carta de cada par (metade do baralho) e as embaralhe. Tire três cartas aleatórias e coloque-as, com a face para baixo, à sua frente. Da esquerda para a direita vire, rapidamente, a face da carta para cima e, imediatamente, oculte-a novamente. Anote a sequência dos nomes das figuras que você viu e confira quantas você acertou. Repita a experiência com quatro cartas, depois cinco, até chegar a dez cartas.
Deixe passar um dia e modifique um pouco a experiência. Dessa vez, o número de cartas a cada repetição não deve ser sequencial. Por exemplo, tire sete cartas na primeira vez, três na segunda, dez na terceira. Mantenha o baralho em seu bolso e repita a experiência com amigos. Experimente levar o baralho para um barzinho, uma balada, e propor a experiência como um quebra-gelo, um início de paquera com pessoas desconhecidas. Você já sabe, nerds estão na moda!
Faça uma rápida estatística dos acertos, com relação ao número de cartas exibidos.
Uma variação dessa experiência é o próprio jogo da memória. Use de três a dez pares a cada iteração. Distribua as cartas com a face para baixo e desvele, rapidamente, cada uma delas. A seguir, encontre os pares. Anote o tempo para a solução de todo o jogo e faça a estatística comparando o número de cartas com o tempo de solução.
Antes de seguir adiante, lembre-se de alguns jogos que você conhece. Quantos são os número de um jogo de dados? De um dominó? Você já reparou que, em um baralho tradicional, você tem nove cartas numeradas (2 a 10) e outras cinco representadas através de caracteres e/ou figuras (ás, valete, dama, rei, coringa)? O cubo mágico possui seis faces e, cada face, nove facetas. No xadrez, você tem dezesseis peças mas apenas uma delas se repete oito vezes. Aliás, em jogos de tabuleiro, é comum você ter um número de linhas e colunas que não será superior a oito ou nove (o caso do Candy Crush).
Em 1956, o psicólogo cognitivo George Armitage Miller, do departamento de psicologia da Universidade de Princeton, publicou um artigo chamado The Magical Number Seven, Plus or Minus Two (O mágico numero sete, mais ou menos dois). Basicamente, Miller observa que o número de elementos que podemos manter em nossa memória de trabalho é sete (mais ou menos dois). Quando trabalhamos com números superiores nosso cérebro, automaticamente, dá um jeito de agrupar os elementos de forma a trabalharmos com números menores. Pense nos jogos que mencionei acima e tente lembrar de outros casos onde isso pode ser observado.
Quando trabalhamos em equipes temos que reconhecer que temos limite em nossa memória de trabalho e que, ao lidar com a comunicação entre os membros da equipe, há o momento em que muita gente gera mais ruído do que informação útil. Fred Brooks Jr., em seu livro O Mítico Homem-Mês, já alertava para as armadilhas na comunicação em equipes muito grandes. Mantendo equipes pequenas (entre cinco e nove pessoas), conseguimos nos comunicar melhor - e reter melhor as informações -, usando nossa memória de trabalho e, quando necessário, fazendo os agrupamentos devidos.
Lembre-se que, no Scrum, idealmente, a equipe trabalha em conjunto, dentro das histórias que foram trazidas para o Sprint Backlog. Tipicamente, cada par de colaboradores está trabalhando em uma história por vez e, assim, através das reuniões diárias, fica fácil de se manter uma memória coletiva de tudo o que está acontecendo (inclusive das dependências entre funcionalidades desenvolvidas). Usar bem nossas capacidades, conhecendo nossas limitações naturais, é um dos elementos essenciais para se atingir a hiperprodutividade.
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Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.
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