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Por Carlos Nepomuceno
Data de Publicação: 17 de Setembro de 2009
Não tenhamos ilusões, a internet não veio para salvar o mundo - José Saramago, da minha coleção de frases
(Bom, ainda vou continuar a falar um pouco sobre as coisas que circularam na minha cabeça depois do debate da RioInfo.)
Existem algumas premissas teóricas para pensarmos sobre o papel da Internet no mundo.
Vejam o que informa Burke, após o surgimento do livro industrial, o que foi considerado por MacLuhan como a primeira mÃdia de massa, como todas as outras que vieram depois:
Cerca de três ou quatro milhões de almanaques foram impressos no século XVII na Inglaterra, bem como em Veneza, com quase dois milhões de cópias, resultando, no geral, através do trabalho de 500 editores, na produção de mais de 16 mil tÃtulos com 18 milhões de cópias na Europa. Para comprovar a mencionada "explosão", registra-se que, por volta de 1600, aproximadamente 400 academias haviam sido fundadas apenas na Itália e poderiam ser encontradas por toda a Europa, de Portugal à Polônia. (Uma história social do Conhecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.)
(Aliás, não existe nada mais colaborativo fora da rede do que o fazer acadêmico, com todos os seu problemas).
Não acreditem agora que a colaboração é uma novidade. à apenas mais um movimento necessário, como antes, para que avançássemos enquanto espécie. (Não se iludam!). Ou seja, colaborar na rede (como na academia) não nos levou ou levará a uma nova civilização.
Mas é mais um processo de troca, por necessidade, não por desprendimento, dentro de um novo suporte, a rede da vez.
Ou seja, colaborar é e sempre será utilizado para sanar problemas de sobrevivência informacional e não pode ser encarado de forma alguma como mudança filosófica da condição humana, que exige uma discussão geral e mais funda na nossa natureza, que a rede, infelizmente, não traz com ela, como o livro não trouxe!
Colabora-se por necessidade!
à preciso, assim, urgente, continuar e aprofundar o estudo histórico das rupturas similares das redes no mundo, sem o qual não conseguiremos, nunca, ter a dimensão exata do que estamos passando, pelo que devemos acreditar e que mudanças farão realmente grande diferença para as gerações futuras, incluindo aà uma visão filosofica, mais voltada para a sabedoria no aspecto amplo do que o reducionismo do conhecimento utilitário, como vemos hoje.
Se não for assim, vamos confundir o velho que se atualiza, com o completamente novo.
E o novo que aparece nesse movimento, como algo velho.
Por enquanto, é isso!
Concordas?
Carlos Nepomuceno é Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense é consultor e jornalista especializado em Tecnologia (Informática e Internet), com larga experiência em projetos nestas áreas. Foi um dos primeiros webmasters do Brasil. Atualmente, presta consultoria permanente para as seguintes instituições: Petrobras, IBAM e Sebrae-RJ. à professor do MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE/Coppe/UFRJ, com a cadeira "Inteligência Coletiva" e coordenador do ICO - Instituto de Inteligência Coletiva.
à autor, com Marcos Cavalcanti, do livro O Conhecimento em Rede Publicado pela Campus/Elsevier, é o primeiro livro no Brasil a discutir a WEB 2.0, a levantar paradigmas quanto à inteligência coletiva e a mostrar, na prática, como implantar projetos desta natureza. O livro trata desta nova revolução cultural, social e tecnológica a que todos estamos expostos.