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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 03 de junho de 2010
Dois dos maiores pecados que um homem pode cometer é a negligência ao uso da inteligência e o desperdício de tempo.
Sozinho já é lastimável, em grupo condenável.
Respeitando o livre-arbítrio, cada um pode levar a vida como quiser, desde que não prejudique o semelhante.
Quando o foco são as relações nas empresas é pouco provável que as atitudes não gerem conseqüências, quer positivas ou negativas.
Ora, vamos nos ater a momentos em que esses fatores são altamente aproveitados e geram resultados surpreendentes.
Uma empresa apresentava dificuldades para obter melhor desempenho quando seus gestores aderiram a um plano de desenvolvimento organizacional.
A linha de ação era maior atenção às pessoas do que às técnicas, sem negligenciá-las, por uma razão muito simples: São as pessoas que as fazem funcionar.
Plano estudado, debates efetuados, compromissos obtidos, equipes formadas, tarefas divididas, autoridades delegadas, pessoas empossadas, a palavra do presidente foi a de um diretor de cinema: Ação!
Um ano e meio, dezoito meses de trabalho, um balanço impressionante!
A carteira de clientes em número de clientes cresceu 30%.
A quantidade de clientes que efetuam reposições mensais dobrou.
O faturamento cresceu também devido reposições mais freqüentes, pedidos com maior variedade de itens, preços médios maiores e redução dos descontos.
O reestudo das áreas de vendas, o posicionamento adequado da equipe de representantes comerciais e o plano de comunicação abriram portas que até aquele momento sequer eram notadas.
Na área fabril, o índice de defeitos que consumia boa parte dos lucros caiu de 7% para 3%.
A palavra de ordem se tornou: Prontidão.
Uma palavra estranha?
Foi escolhida por essa razão.
As pessoas acreditavam que teria que existir algo que destacasse o fato: "Prontos para ação".
Eliminar o desperdício era o foco. Para isso é importante fazer bem feito na primeira vez.
O controle de estoque tem sido rigoroso e a sintonia com o PPCP permite adequá-lo para atendimento às necessidades.
Neste ponto estão bem sintonizadas as equipes das áreas fabril, materiais e financeira.
Abordando administração e finanças, os responsáveis pela apuração dos custos industriais estão muito mais ?ligados? às questões de planejamento.
Apurar custos depois do desastre permite apenas avaliar a dimensão da tragédia. Prevenção é requisito básico, portanto planejamento bem feito é fundamental.
A previsão de caixa, que conta com a participação de pessoas das diversas áreas envolvidas, deixou de ser uma atribuição apenas da tesouraria.
O desvio, quando comparados os números projetados com os reais, não ultrapassa 5%, o que mostra o grau de conhecimento e assertividade nas previsões, planejamento e execução.
Um controle sem tantas atribulações permitiu explorações mais bem feitas de oportunidades financeiras e as taxas bancárias foram reduzidas consideravelmente.
A queda da inadimplência, provocada por erros e envio de boletos atrasados, foi significativa. Com atenção diária nos recebimentos e contatos de cobrança os atrasos foram reduzidos em 70%.
O custo com logística sofreu redução devido a um aprimoramento na programação da produção que permite o atendimento de pedidos com menores fracionamentos.
A rotatividade de pessoal caiu consideravelmente, permitindo à empresa manter a dinâmica, consistência de sistema e forma de trabalho.
O uso do ERP cresceu consideravelmente. Estima-se que não chegava a 45%, hoje podemos dizer que 70% dos recursos são explorados.
Outro aspecto interessante é que não se fala mais em relatórios, mas em análises. Isso provocou uma mudança de comportamento. Nada é impresso sem que rigorosamente seja examinado.
As informações fluem com mais facilidade devido ao domínio que as pessoas têm destas.
Há um forte sentimento de propriedade. A empresa é de todos, enquanto estiverem lá.
A percepção de que o trabalho em grupo gera maiores e melhores frutos tirou pesos enormes dos ombros de pessoas que viviam sobrecarregadas.
O aspecto mais delicado nesse processo, que necessitou cuidadoso trabalho, foi o sentimento de perda de poder.
Ser membro de um grupo significa abrir mão de alguns privilégios, como exclusividade. Por exemplo: Aquele funcionário trabalha só para mim. Faz apenas o que eu ordeno!
Grupos demandam adição de competências e isso pode significar o envolvimento daquele colaborador.
Grupos executam, mas cobram resultados. Isso pode significar maior pressão exercida por pessoas que não estão necessariamente em posição imediatamente superior de comando.
Em uma conversa informal, alguns gerentes comentavam com o presidente que agora que avanços consideráveis haviam sido obtidos tudo parecia fácil e não havia razões aparentes para tantas dificuldades no passado.
Este ouviu com atenção os comentários e disse: - Esse é um ponto no qual tenho grande preocupação e atenção.
Um dos gerentes disse: - Sim, porque os concorrentes irão nos copiar.
Resolvi então defender um ponto que diferencia consideravelmente as empresas e que tenho tratado bastante com o gestor maior.
Os concorrentes podem copiar muitas coisas, menos atitude, comprometimento, adesão em massa à uma idéia.
O sucesso dos grupos de trabalho, na organização, está repleto desses componentes.
Essas qualidades são notadas pelos clientes, pelas pessoas que visitam a empresa.
Ao ter conhecimento que eu estava envolvido no processo me perguntavam que programa estávamos implantando, pois a mudança era nítida.
Chegaram a nos perguntar onde e como selecionamos e treinamos a recepcionista e a telefonista. Eram aspectos que chamavam muito a atenção de quem fazia contato com a empresa.
Há muito para se fazer, esse é um processo que não tem fim.
Os gestores correm sim o risco de tomarem decisões erradas, de não conseguirem os resultados esperados, mas não será por falta de fontes de consulta e comprometimento da equipe, se assim o quiserem.
Não há garantias que o processo em algum momento não se deteriore, contudo enquanto mantiverem o conceito de trabalho em grupo, a determinação e firme propósito de hoje as chances são pequenas.
A excelência de uma organização depende exclusivamente de sua excelência ?O Homem?.
O homem que sabe, quer e faz!
E faz com que tenhamos empresas World Class!
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.