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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 18 de julho de 2010
Um dia você se levanta bem, sem euforia, sem qualquer problema que lhe tire a paz e sai de casa para tratar de algum assunto.
Despreocupado, vai às compras, ao trabalho ou tratar de algum detalhe em uma repartição pública ou banco. Ao iniciar o contato encontra aquela que, durante muito tempo, você considerará a pessoa mais desagradável do mundo.
Sem motivo, na sua visão injustificável, você uma pessoa que procura ser cordial e compreensiva, acaba sendo maltratada.
Durante semanas carregará aquele gosto amargo na boca, imaginando mil artimanhas para mandá-la para as profundezas e sente o coração apertado.
Como esquecer? Que tal deixar a cargo do tempo?
O tempo é um remédio interessante, pois ajuda a fazer com que não nos lembremos de muitos dissabores.
Ah, mas há algumas situações que nem o tempo ajuda a apagar, principalmente se o desejo de um dia dar o troco ficar vivo, alimentando aquela lembrança.
Qualquer fato que traga à tona o momento gera desconforto e um aperto no coração.
Esse é um órgão, poucos sabem, cheio de areia, onde palavras sobre alegrias e dissabores são escritas.
Gravamos os fatos na mente e as sensações no coração, que podem nos fazer bem ou mal.
O tempo apenas faz soprar o vento que pode cobrir algumas marcas, mas não as mais profundas. Por essa razão devemos, ao máximo, evitar que sejam escritas com profundidade.
Ah, mas o perdão pode resolver essa questão!
Perdão é uma palavra bonita, mas de difícil entendimento e aceitação.
O perdão, muitas vezes, se torna tão pesado que o vento que o tempo faz soprar não permite que este alcance e apague as marcas no coração, lançando-o no mar das amarguras.
Ainda que as pessoas tentem não conseguem trazê-lo onde se faz necessário!
Evitar confrontos e dissabores é bom, mas nem sempre possível. Ora, então o homem nasceu com a sina de carregar marcas por toda a vida?
Você já se deu conta de que alguns acontecimentos apenas deixaram registros na memória e não chegaram ao coração?
Outros, ainda que tenham feito marcas profundas, hoje não mais vistas, mal podem ser lembrados?
Todos nós, sem exceção, podemos contar inúmeros casos que vivenciamos e também de pessoas que superaram situações difíceis sem carregar marcas.
Com certeza, algumas manhãs você teria preferido não ter se levantado, ficando na cama até que a turbulência e a raiva passassem, ainda que viesse a descobrir mais tarde que o assunto não era para tanto.
Ocorre que na hora dos acontecimentos lhe faltou calma para refletir um pouco antes de gravar as palavras.
Ah, o tempo, o vento e a sabedoria!
Um sopro do vento, que o tempo traz, provocando as ondas da sabedoria que deslizam nas areias do coração, faz milagres.
Quer sejam mansas ou bravias, apagam todas as marcas, ainda que profundas sejam e tempo leve.
Lembranças ficarão, mas sem marcas no coração.
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.