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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 03 de Janeiro de 2011
Um dos exercícios mais sábios do homem é a tolerância.
Tolerância no sentido de atitude respeitosa, não de submissão à humilhação.
Esta segunda forma é que gera as revoltas e confrontos sangrentos.
Como pano de fundo de todas as guerras há sempre pessoas que foram pressionadas para ceder, e levadas ao ponto de exaustão.
Uma quantidade significativa de crimes em nosso país ocorre porque providências não foram tomadas quando sinais de intolerância se apresentaram.
O agressor perdeu as medidas e o agredido não acreditou em seu direito à defesa e proteção. Como resultado nos deparamos com atitudes extremadas.
Papais assustados vivem a repetir: - Meu filho fez isso? Não, de forma nenhuma, ele é um bom menino!
Não, não é! Aliás, os únicos que não sabem ou fingem não saber, que ele não é um bom menino, são os pais!
Dinheiro e amizades prestam favores e absolvição até o próximo crime.
Protegidos, nos sentimos inimputáveis. Senhores da situação, onde nem mesmo a lei possa nos alcançar. Dr. Fulano nos protegerá. É amigo de papai, da mamãe, da família!
Contava um amigo advogado: Noite de réveillon, uma descontrolada, depois de momentos de intolerância, ao ser questionada pelas autoridades por suas atitudes de invasão de privacidade e difamação, os chamava de mentirosos. Providências tomadas para que responda por desacato à autoridade, depois de liberada, ainda arrumou algumas confusões.
Drogada, sofre algum distúrbio mental?
Não, falta-lhe consciência de civilidade.
A excessiva tolerância, evitando mantê-la no cárcere aquela noite ou quem sabe alguns dias, permitiu-lhe exercitar seu falso poder de ser intolerante. E assim seguirá se não houver medida de contenção.
Não se constrói uma sociedade justa e com paz de convívio dessa forma.
Uma sociedade justa e verdadeira, uma nação, precisa de valores. Não apenas dos valores de alguns poucos líderes e mártires, os quais, depois de executados com armas de fogo e pregados em cruzes, se tornarão símbolos e referências para muitos discursos sem propósitos, mas dos valores de todos os homens de verdade, como costumamos nos considerar.
A nossa tolerância deve ser exercitada permitindo aceitar e reconhecer as diferenças, nossa intolerância deve ser conduzida para evitar a injustiça.
Quando houver excesso que seja para o bem, ainda assim, para o bem do bem, este não deve ser exacerbado.
As cruzes já ostentam injustiças demais em favor dos amigos dos amigos, que dos desafetos fizeram inimigos.
Sem medidas, não o homem, mas as idéias são concorrentes, competidoras, sem afeto e inimigas.
Para eliminar a idéia, eliminamos o homem.
Sem sabedoria e medidas de contenção, devastaremos as florestas e ainda faltará madeira para as cruzes, para os inimigos condenados pelos amigos.
Seria a intolerância o reconhecimento de nossa incapacidade e incompetência para novos aprendizados?
Terá chegado o homem ao limite de sua racionalidade?
Nossa excessiva lógica nos terá transformado em seres racionalmente ilógicos?
Será o nosso destino a cruz, à qual seremos encaminhados pelos inimigos de nossos amigos?
Que as cruzes sejam apenas um símbolo de nossa tolerância, para elas já enviamos grandes homens.
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.