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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 03 de Fevereiro de 2011
Vivemos em um país que se arrasta atrás da economia mundial. Nos últimos anos não enfrentamos grandes turbulências, isso dá a muitos a impressão de que essa aparente estabilidade é resultado de programas e esforços internos. Há sempre alguma contribuição, mas não nos enganemos, o mundo passa por um período sem grandes sobressaltos. Um solavanco aqui, outro ali, mas nada parecido com que vimos há algumas décadas.
Temos a mais alta taxa de juros do mundo. A defesa para essa aberração é de que esta é o freio para que um crescimento econômico mais acentuado não traga de volta a inflação e seus nefastos efeitos. Festejamos também nossas reservas internacionais, ocupando a 9º. posição no ranking.
Colchão cheio, mas muitas barrigas e, principalmente, cabeças vazias, devido ao nosso precário sistema educacional. O que pode amenizar esses fatos? Desenvolvimento!
A falta de oportunidades e incentivos aos jovens está criando uma geração adormecente.
No passado, as experiências de vida começavam um pouco mais tarde. As falsificações das carteirinhas de estudante para assistir filmes proibidos para menores de dezoito anos era uma das poucas transgressões, hoje isso seria ridículo.
Jovens dos treze aos dezessete anos experimentam situações que um homem que viveu setenta anos há algumas décadas não seria capaz de imaginar e se envolver.
Esses jovens obtêm o bacharelado com cerca de vinte e dois anos e desinibidos como são precisam de oportunidades e reais desafios.
As maiores experiências de sucesso que conhecemos estão estampadas nas literaturas de gestão traduzidas.
Lê-se em uma delas que o investidor aplicou vinte mil dólares em uma pequena empresa emergente e um ano e meio depois tinha realizado um milhão e duzentos mil dólares.
O jovem olha em volta, faz as contas e vê que nem ele, nem seus colegas, conhecem alguém que tenha realizado algo semelhante. Ele vem trabalhando há vinte e quatro meses, recebendo não mais do que dois mil reais. Alguns amigos um pouco mais, outros menos.
Com esse valor não consegue pagar as contas e cursar um MBA.
Tem procurado novas oportunidades, mas não tem encontrado. Passou por algumas entrevistas, mas os valores oferecidos eram iguais ou menores do que está recebendo.
Ligou, conversou com amigos, viu que a situação é parecida. Tem refletido se não deveria ter sua própria empresa, mas ao pesquisar o assunto algumas coisas o inibiram.
A família não tem tradição no mundo dos negócios, a escola não lhe ensinou nada sobre empreendedorismo, as literaturas destacam o risco de fracasso, não tem capital e não teria apoio para consegui-lo.
Não recebe estímulo para essa empreitada dos pais, parentes, nem dos amigos.
A recomendação é sempre a mesma: Não faça loucuras, não deixe o emprego! E recebe uma lista de nomes de jovens sem trabalho que passam dias em busca de uma oportunidade. Muitos até desistiram. Enviam os curriculuns por e-mail e deixam tudo nas mãos de Deus. A Ele não pedem, nem agradecem!
Ateus, agnósticos? Não, falta de identificação. Frutos de uma geração de baixa espiritualidade e confusa religiosidade.
Há alguns anos, tínhamos que entregar os curriculuns pessoalmente e com certa freqüência passávamos por uma entrevista. Algumas curtas, mas possibilitava gerar algum interesse em face de conhecimentos apresentados ou nossa facilidade de comunicação.
O envio destes por e-mail tem noventa e nove por cento de chances de sequer serem percebidos, afinal quantos não chegam diariamente nas caixas postais das empresas?
Ora, quando não são deletados como SPAM.
Esta geração tem sido considerada a geração canguru, pois demora para sair da casa dos pais. Muitas pessoas com trinta anos continuam vivendo com estes, com conforto e segurança garantidos, e sem projetos para a tal da carreira. Sair para viver onde, pagando aluguel como e com quê?
Paradoxalmente, as notícias são de que o mercado está carente de profissionais qualificados.
Precisamos de um despertador para nos acordar e oferecer à essa geração motivos para deixar de ser adormecente.
E, pare de reclamar que isso é resultado de muita balada. Por que teriam motivos para se levantar com as badaladas do relógio e se preocupar com a economia?
Mantenham altas as taxas de juros e inibam o crescimento como quiserem, eu vou voltar para a cama. Já mandei meus e-mails com meu cv.
Hum, que sono!
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.