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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 16 de Maio de 2011
Nasci na cidade de Sorocaba, interior do estado de São Paulo, na vila Hortência, a única colônia espanhola no Brasil que tenho conhecimento. Muitas ruas ainda são referências a esse passado e se chamam Granada, Catalunha, Sevilha, Madri.
Meus avós, oriundos de Almeria, deixaram as terras no velho continente em busca de uma vida melhor no nosso país.
Refletindo sobre formas de aplicar ensinamentos de gestão empresarial, comecei a resgatar fragmentos de histórias que me contavam na infância e que hoje me permitem ter um entendimento mais prático de alguns aspectos da vida.
Um pouco de minhas lembranças numa interpretação para gestão:
Conta a lenda que numa distante terra no Oriente, há dezenas de centenas de anos, havia uma pequena cidade, morada de sábios, que resolveram com seus ensinamentos ajudar seus habitantes, um povo laborioso, a ter uma vida melhor.
Construíram um oráculo, dedicado a Varuna, deus arquiteto e ferreiro, que possuía um conhecimento infinito.
Varuna é chamado de Passabrit "senhor do nó corrediço". Esse epíteto, expressão que o qualifica, apresenta uma das mais relevantes características do deus. Os nós simbolizam a capacidade de prender ou libertar, de dar vida ou de tirá-la.
Segundo os sábios, com suas orientações e com ajuda do oráculo, todas as dúvidas e dificuldades para desenvolvimento de negócios poderiam ali encontrar respostas.
Para se chegar ao oráculo, onde as perguntas seriam feitas, era necessário subir 4 degráus, com inscricões que orientavam seus visitantes.
No primeiro estava escrito "decifra-me", no segundo "aprende", no terceiro "desata-me", e no quarto "prospera".
Dentro do oráculo havia uma corda que formava um círculo, com três nós, considerados dificeis de serem desatados, também com inscrições.
Em uma delas lia-se "Procura-me e oferece", em seguida, no segundo nó, "atende-me sem demora", no outro, por fim, "Cuida e sucede".
Em um muro de pedras, logo após deixar o oráculo, a caminho de casa, os peregrinos encontravam a seguinte inscrição:
"Nada pode-se ensinar aos homens, podemos apenas ajudá-los a encontrar suas próprias verdades".
Todos que faziam a peregrinação e seguiam as instruções recebidas obtinham excelentes resultados nos seus empreendimentos.
À medida que os negócios se desenvolviam a cidade crescia, mas perdia-se o interesse pelo sábios e pelo oráculo.
As melhorias, após consultas, eram consideradas meras coincidências.
Um dia, para espanto de alguns e pouco interesse da maioria, desapareceram os sábios e toda estrutura do oráculo.
No local, de terra batida, havia apenas uma inscrição, feita aparentemente com uma vara, que o vento e a poeira se imcumbiram de apagar: "Mil anos os separarão da verdade ".
Pouco a pouco, os negócios e a cidade começaram a definhar, não restando nos dias atuais vestígios dessa civilização, apenas a história contada boca a boca, à qual apenas alguns dão ouvidos.
Acredita-se, aqueles que acreditam, que as antigas lições são as mesmas que hoje procuramos ensinar aos gestores de nossas empresas.
O nós tinham os ensinamentos fundamentais para desenvolvimento de negócios.
Primeiro nó: "Procura-me e oferece", orienta para a prospecção de oportunidades e oferta de produtos.
Segundo nó: "Atende-me sem demora", é uma indicação clara de que uma vez obtido o pedido o cliente tem que ser atendido sem atrasos.
Terceiro nó: "Cuida e sucede", aconselha que se faça rigoroso controle das tarefas e do caixa para que se possa alcançar o sucesso.
Nas escadas havia a orientação básica para uso desses conhecimentos, pois uma vez entendido o enigma, as lições deveriam ser aprendidas, os nós desatados , na verdade as dificuldades equacionadas, para se obter a prosperidade.
O pouco que se sabe é que com o desaparecimento do oráculo muitos ensinamentos foram perdidos.
Há quem acredite que essa civilização possa ter tido ligação com a Atlântica, outros que foi só mais um local enterrado pelo tempo, e a maioria que é apenas mais uma lenda.
Fato ou lenda, quem tiver sabedoria para seguir esses ensinamentos certamente terá sucesso, embora não sejam mais do que velhos conselhos para problemas novos
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.