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A realidade do ensino e o ensino da realidade

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 24 de Maio de 2011

Voltemos um pouco no tempo.

No ano de 1.880, Thomas Edison patenteou o sistema de distribuição de energia elétrica. Um ano antes, 1879, havia criado a primeira lâmpada elétrica viável.

Logo após, em 1.882, o engenheiro Henry W. Seely obteria a patente do ferro elétrico.

Henry Ford fundou a Ford Company em 1903, revolucionando os métodos de produção e gestão, pois em 1914 já era capaz de fabricar um carro a cada 98 minutos, além de pagar polpudos salários a seus empregados - 5 dólares por dia.

Esses e outros tantos fatos, na prática, como o ajudam na condução dos seus negócios hoje?

Importantes, interessantes, contudo a não ser você vá desenvolver trabalhos de história empresarial a aplicabilidade deixa a desejar não?

Luca Pacioli, pai da contabilidade, nos deixou em 1.517. De lá para cá a técnica e os recursos mudaram muito, não?

Ora, porque gastar um ano na faculdade preso a seus conceitos?

E os mais populares, Taylor 1856 - 1915 e Fayol 1841 - 1925? Esses sim são unanimidades.

Pergunte a quem cursou uma faculdade de administração, contabilidade ou mesmo de economia, o que lembra de teoria de administração. A resposta será direta: - Estudei Taylor e Fayol.

  • Excelente, dois gênios, mas diga o que eles fizeram?

    Por favor, não espere resposta, e se derem veremos que estudaram mais a história dos personagens do que a aplicabilidade de suas técnicas. Pois é, e o curso não era de história. Quem assim ensinou, assim aprendeu! Já ta no DNA.

    Para os que ainda não ingressaram na vida profissional, apenas atendem a faculdade, a conversa não empolga. Agora imagine para aqueles que estão envolvidos na problemática do dia a dia?

    Há uma questão interessante. Quando cursei contabilidade, à noite, alguns colegas de classe trabalhavam comigo, na mesma empresa. Todos eram da área, menos eu, pois estava lotado em projetos econômicos.

    Não tinham a menor dificuldade para fazerem lançamentos contábeis, conciliações de contas, fecharem balanços anuais com todas as suas peças, zerando saldos - poucos sabem - prepararem relatórios com índices econômicos, mas na hora de fazer os lançamentos e as "continhas com os T", na classe, se perdiam.

    Na área econômica, eu vivia envolvido em projetos com milhares de revistas com índices - naquela época a inflação comia solto - então não dava para abrir mão. Quem estudava economia e me via mexendo com aquilo tudo ficava espantado e assustado. Assim também se sentiam os já formados, que não militavam na área. A razão eu entendia, pois só fui exposto àquilo porque caí de paraquedas naquele setor. Felizmente, uma pessoa me escolheu pelo potencial e não pelo conhecimento. Dependesse disso estaria frito.

    Há pouco tempo, uma pessoa da família abandonou o mestrado em engenharia. Tentei, ainda, fazer com que revisse a posição. Não teve jeito. Estava irritado com o que considerava tempo perdido. Dizia: - Não tem nada a ver com minha realidade.

    Recebo constantemente de meus filhos duas lições, que insistem em repetir.

    Um é jornalista e me diz "preciso de exemplos para aprender", o outro é engenheiro civil e insiste "neste momento, para me atrair, só com alta dose de realidade".

    Jovens, dispostos a crescer, em um mundo em constante mutação, estão ávidos por materialização.

    Não adianta divagar, seus amigos também são assim e dizem: - Tio, isso é que paga as minhas contas.

    Quando tratarmos da realidade do ensino, da qualificação profissional, que tal ensinar "aquilo que paga as contas"?

    Que nos dêem licença Taylor e Fayol, com todo apreço que lhes temos, para que, como fizeram em suas épocas, possamos tornar a realidade do ensino o ensino da realidade.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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