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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 11 de Junho de 2011
Todos os dias pessoas são mortas pelos mais fúteis motivos. Famílias perdem entes queridos e o gosto pela vida.
Nada mais será igual depois de se passar por uma barbárie.
Esperamos que leis e autoridades façam alguma coisa, enquanto as drogas invadem todos os espaços.
Um amigo, daqueles que Milton Nascimento e Fernando Brandt homenageiam na música Canção da América, com "Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração", viu um filho se envolver com essa monstruosidade.
Faltava-lhe alguma coisa? A nós pais faltam o comprometimento e a responsabilidade, e aos nossos filhos faltam o comprometimento e sobram irresponsabilidades.
Não foram seus relatos que me assustaram, afinal estão na internet, nos filmes, nas ruas, mas um pequeno detalhe: a tristeza em seus olhos.
Jamais esquecerei seus olhos úmidos, incapazes de completar uma única lágrima, que pudesse cair para aliviar sua alma. Já não havia mais o que chorar.
Vendo sua angústia, impotente, disse-lhe: - Como posso ajudá-lo?
Sua resposta foi direta: - Não pode, estou morto.
Descobrindo quais colegas o acompanhavam nesse suicídio, partiu para uma cruzada, reunindo e alertando as famílias.
Acredite: Foi acusado de mentiroso por alguns pais e expulso de algumas calçadas quando tocava as campainhas e dizia o motivo da visita.
Abra os jornais, entre na internet, e veja quantas pessoas são mortas, todos os dias, em assaltos, cujo motivo é um só!
Não é de hoje que anseio ver este país parar por dois minutos. Apenas dois minutos, para que possamos, com nosso silêncio, ouvir a voz da consciência e começarmos de fato agir de forma a acabar com essas atrocidades.
Nossa juventude não se reúne mais pela vida, mas pela morte, com o excesso de bebidas e drogas.
Acabei de ver um vídeo com a execução de um jovem na vila Mariana, quando seu carro era levado por um assaltante.
Claro que muitos perguntarão por que ele foi morto. As explicações serão muitas, mas o fato é que a sua morte, e de tantas outras pessoas, tem sua raiz na nossa omissão.
Omissos ao educar os filhos, ao cobrá-los por suas atitudes irresponsáveis, ao ensiná-los a levar vantagens, ao fazer vistas grossas para o envolvimento com drogas, imaginado ser apenas uma fase, omissos perante os homens e perante Deus.
Não nos faltam rezas e orações, abrindo as portas para novos pecados. Não pedimos a Deus forças para não praticá-los, mas perdão por tê-los feitos novamente. Os dez mandamentos, infelizmente, são superados pela massa de crimes.
Não temos mais vergonha, até para isso conseguimos dar um jeitinho!
Cada túmulo de vida ceifada pela violência deveria ter duas cruzes. Uma para lembrar a atrocidade e outra para que não esqueçamos que nossa vergonha ali foi enterrada!
Até quando?
Até sempre!
A todos nós, pela nossa omissão, faltarão lágrimas e a teremos como nosso carrasco.
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.