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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 21 de Junho de 2011
Mercadologicamente, a criação tem grande poder destrutivo, já pensou nisso?
Como o gelo no pólo norte para as moscas. Assim que chega elimina todas.
Novos produtos ou manias dão cabo de produtos, empresas e marcas.
A moda é surpreendente nesse aspecto. Ora gerando lucros, ora prejuízos.
Hoje não temos a grande moda, há muitas tribos a serem atendidas, mas imagine você, sendo um fabricante de tecidos, atendendo as necessidades para vestidos longos, ser surpreendido pela minisaia!
Uma tirinha, um vestido. Que prejuízo...
E que tal o modo informal de vestir do homem, abolindo o terno? Qual o efeito na profissão do alfaiate e na própria indústria?
Onde estão os fabricantes de luvas e chapéus para senhoras?
Santos Dumont, apoiado por Cartier, deu outra dimensão ao relógio. Do bolso ao pulso.
Válvulas dos rádios, fogões e geladeiras à querosene, carburadores e seus entupimentos de glicê, tantos outros produtos e profissões, postos de lado pelo poder da obsolescência.
Um produto que revolucionou o comportamento, mudou o mundo, mas o mundo no máximo conseguiu adaptá-lo, foi o jeans. Do "tecido de Nime" à sua abreviação Denim, dos genes- marinheiros Genoveses - ao apelido jeans, da calça rancheira, passando pelo blue jeans, até o supremo status "jeans". Com ele o "Jeanswear", mais do que um jeito de vestir, um jeito de ser!
James Dean, seu jeans e sua jaqueta vermelha, Marlon Brando com o jeans e sua motocicleta, John Waine, seu chapéu, botas, simpatia e... jeans, claro!
Da lambreta à motoca, do modelo T, passando pelo "i" da injeção eletrônica, ao motor Flex, quanta obsolescência.
Fichas ou cartões? Obsolescência!
Mercearias, quitandas, padarias? Não, supermercado.
Fila no caixa? Só se for eletrônico.
Aceita cheque? Não, só dinheiro e cartão!
Ônibus? Não, metrô!
A fila na bilheteria do cinema está pequena, vamos lá?
Prá quê? Compra no caixa eletrônico!
Cadê o lanterninha? Relaxa, agora pode beijar no cinema...
Preciso comprar um livro, onde foi parar a livraria? Espia na internet e vai encontrá-la.
O telefone sem fio levou a indústria a mudar de ramo. O ramo levou a indústria a mudar o fio, fibra ótica!
Lâmina de barbear, uma não, três. Corta rente e macio. Uma barba? Não, muitas!
E a velha e boa lâmina? Obsoleta!
A pena deu lugar à caneta, com ela, a esferográfica que só muda de cor e jeito. Está com o jeans e não arreda pé.
Não arreda bolso, aquele garoto ainda vai perder a caneta!
A carne já vem moída, o bacon fatiado, a batata pré-cozida, a mandioca descascada, a fruta já picada!
A faca e a tábua? Quase obsoletas.
A sopa ta pronta, a massa é só esquentar, o prato descongelar, mas e o sabor caseiro?
Obsoleto?
Não, reviveu. Pelo menos fim de semana.
Veja o caderno receitas da vovó!
Que saudade, ninguém faz uma massa como ela fazia...
Ora, e porque não vieram mais vezes vê-la? Saudade não está obsoleta, está?
Não, a culpa é do nosso jeito obsoleto de ser!
Sabe que a receita da vovó ficaria melhor com este novo tempero?
Modernidade sim, mas não abusa, vai...
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.