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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 13 de Outubro de 2011
Acostumados a seus personagens infantis, não paramos para ler sua biografia, seus pensamentos, sua visão patriótica e desejo de construção do futuro de um Brasil glorioso.
Monteiro Lobato faleceu em 1948, meu pai o lia não como criador de contos e histórias para crianças, mas nos jornais, como um grande pensador, preocupado com o seu povo.
É estranho lembrar, hoje, que era assim que eu o via na minha infância. Preocupado com a saúde e com o combate a miséria.
Seo Salvador, homem apegado às idéias do comunismo, que gostava dos discursos de Luis Carlos Prestes, por isso deixava minha mãe apavorada, tinha orgulho de ter conhecido Jorge Amado, por militarem no mesmo partido, foi homem simples, que tentava nos ensinar algo sobre responsabilidade e sustentabilidade, respeitando a terra.
O que pensava o homem cujas idéias ele admirava?
Monteiro Lobato, cético, tinha como um de seus ditos preferidos o de "não acreditar em nada por achar tudo muito duvidoso".
Ah, mas a vida prega peças, por isso, nunca diga nunca!
Contrariando sua frase predileta, acabou acreditando em muitas coisas na sua vida. Uma delas, para nossa benção, foi a indústria brasileira do livro.
Fundou, em 1918, a "Monteiro Lobato e Cia", a primeira editora brasileira. Uma lição de empreendedorismo, cujo desafio continua.
Antes dessa medida, todos os nossos livros eram impressos em Portugal.
Nesse momento e com ele iniciava-se o movimento editorial brasileiro. Não há como não reverenciá-lo.
Nas suas palavras: "Um país se faz com homens e livros."
A marca do empreendedor está na sua visão de futuro e na coragem de abraçar uma missão.
Progressista inveterado, Monteiro Lobato escreveu sobre as visões retrógradas:
"O grande erro dessa casta de homens é confundir corrupção com evolução. Condenam as formas novas de vida, que se vão determinando em conseqüência do natural progresso humano, em nome das formas revelhas. Logicamente, para eles, o homem é a corrupção do macaco; o automóvel é a corrupção do carro de boi; o telefone é a corrupção do moço de recados".
Para isso tinha uma receita: "Para a treva só há um remédio, a luz."
E como se manter firme em suas convicções, quando os opositores podem ser muitos e poderosos? É importante lembrar que Monteiro Lobato foi preso por defender ferrenhamente que o petróleo do nosso solo é nosso!
Simples, preste atenção no que dizia: "Nunca no mundo uma bala matou uma idéia."
Coragem? Não, mais do que isso: determinação!
Após conhecer o progresso do povo norte-americano, cheio de idéias dizia: "Meu plano agora é um só: dar ferro e petróleo ao Brasil."
Sempre nos perguntamos de onde vem a visão do empreendedor? Poderia ser da loucura, de um sonho?
O que pensava Monteiro Lobato:
"Loucura? Sonho? Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira, mas tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum"
No berço da visão, seu desejo de ser pioneiro: "Nada de imitar seja lá quem for. Temos de ser nós mesmos. Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir."
O empreendedor pensa no lucro sim, mas sua consciência social, pelo seu poder de transformação, inevitavelmente é tocada.
E assim Monteiro Lobato pensava: "Todos os nossos males, econômicos, financeiros e morais, provêm de uma causa única: pobreza, anemia econômica. Vou além: miséria."
Entre loucuras e sonhos está a educação. Ao realizar o sonho de ensinar, sempre aprendemos. Que loucura!
Sua grande lição: "O certo em literatura é escrever com o mínimo possível de literatura. A mim me salvaram as crianças. De tanto escrever para elas, simplifiquei-me."
A educação deve começar cedo e manter-se.
Cedo, em suas palavras, porque contribui na qualificação: "Assim como é de cedo que se torce o pepino, também é trabalhando a criança que se consegue boa safra de adultos."
Sempre, porque a mantém: "Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê."
Com a educação vem a cultura, a consciência social, que determinam os limites para liderança e comando, prevenindo excessos, pois como costumava dizer: "Quem tem força, abusa."
A potencialização de acertos e a minimização de erros estão diretamente ligadas à expertise da equipe, dedicação e comprometimento com as tarefas e resultados.
Nós nos acostumamos com a lei de Murphy que diz: "Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível."
Monteiro Lobato se debatia com o erro tipográfico: "A luta contra o erro tipográfico tem algo de homérico. Durante a revisão os erros se escondem, fazem-se positivamente invisíveis. Mas, assim que o livro sai, tornam-se visibilíssimos, verdadeiros sacis a nos botar a língua em todas as páginas. Trata-se de um mistério que a ciência ainda não conseguiu decifrar."
Direitos e igualdade
Homem e mulher, quem é melhor, quem pode comandar, quem deve liderar?
Para Monteiro Lobato: "A mulher não é inferior nem superior ao homem. É diferente. No dia em que compreendermos isso a fundo, muitos mal-entendidos desaparecerão da face da terra."
Homens que mudaram o mundo nem sempre são movidos pela razão, por serem são extremamente imaginativos.
Assim Monteiro Lobato se definia: "No fundo não sou literato, sou pintor. Nasci pintor, mas como nunca peguei nos pincéis a sério, arranjei, sem nenhuma premeditação, este derivativo de literatura, e nada mais tenho feito senão pintar com palavras."
E por que não dizer traçar caminhos?
Na sua alma poesia, nos seus atos empreendedorismo!
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.