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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 09 de Novembro de 2011
Pedro, assim será chamado e representará o grupo de amigos que reclamam do ostracismo após a aposentadoria.
É usual empregarmos a palavra ostracismo para designar pessoas que caíram no completo esquecimento.
Nas nossas aulas de história, no ensino médio, tivemos nosso primeiro contato com o conceito, lembra?
O ostracismo era uma punição política, inicialmente empregada em Atenas. Considerava a expulsão e exílio por dez anos.
O termo ostracismo deriva do grego "ostraka", que significa caco ou pedaco de cerâmica em forma de concha. Como o papel não era um material comum na Grécia, os atenienses usavam pedaços de cerâmica para realizar a votação.
O político que houvesse proposto projetos e votações para benefício próprio era candidato certo ao ostracismo. Interessante, não?
Deixemos de lado essa prosa e voltemos a Pedro, afinal este representa extensa classe à procura de sentido!
Pedro, triste e sem objetivos, reclama da injustiça do esquecimento. Sua memória é fraca, pois a sua safra é resultado de seu cultivo.
Interessado na carreira, não era afeito à conversa mole, nem a papos de negócios. O negócio de Pedro era resultado.
Tomar café com Pedro, jamais! Café se toma na padaria e em casa...
Pedro não se dá conta que não foi esquecido pela aposentadoria, já estava esquecido na imponência de sua sala.
Pedro confundiu-se com o seu cargo. O CEO Pedro, sem o prenome, deixou de existir.
Na sociedade civil, o apelido de família ou sobrenome, como costumamos tratar, é de fundamental importância, mas não na sociedade empresarial. Lá o prenome é a referência.
O prenome, também denomiado nome próprio ou primeiro nome precede o sobrenome ou apelido de família, que estabelece o registro de origem.
Na sociedade civil, o sobrenome é importante porque seus integrantes estão interessados nas raízes, enquanto na sociedade empresarial o prenome é preponderante, porque seus integrantes estão interessados na situação.
Na sociedade civil, Pedro da Silva, em muitos lugares será chamado Silva , por importância e distinção. Na sociedade empresarial o termo CEO supera seu bastismo, Pedro.
Pedro sempre esteve presente na sociedade empresarial, mas não na civil, e não se deu conta.
A sociedade civil é repleta de conversa mole, para boi dormir e produz um enorme desperdício de conversas. Esta não nos obriga a efetivos compromissos e resultados em muitos encontros.
A sociedade civil está interessada na qualidade "da vida", e, ainda que desobrigada, resultados produza.
Onde esteve Pedro esses anos todos? Afinal passaram-se três décadas até a aposentadoria.
Na realidade, não esteve.
E-mails de amigos ao CEO Pedro, em seu sistema empresarial, eram considerados Spam. Hoje, Pedro da Silva, é Spam no sistema civil.
O termo Spam, abreviação em inglês de "spiced ham" (presunto condimentado), é uma mensagem eletrônica não-solicitada. Hoje, pelo rigor, não necessariamente enviada em massa.
Pedro, no café da padaria e em casa, pelo distanciamento, sente-se deslocado e uma visita não solicitada.
Pedro, com tristeza, me disse que agora se deu conta que é o homem que virou Spam!
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.