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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 14 de Dezembro de 2011
Sábado à noite, em um dos belos teatros do nosso país, assistíamos uma peça, de rolar de rir.
O ator, sozinho no palco, desenvolvia vários personagens e disparava uma frase atrás da outra, que impedia conter o riso.
Na nossa frente um senhor que achávamos iria explodir, tão vermelho estava. Dobrado, sentindo dores no estômago, chegava a soluçar de tanto rir.
O ator, muito jovem, mas já experiente, se aproximou mais e numa atitude provocativa dirigia a ele as piadas. Sua esposa só fazia sustentá-lo para que não caísse da cadeira. A cena, engraçada, envolvia a todos.
Em dado momento, o ator olha para platéia e vê uma garota, sisuda, que quase não ria e nem era contagiada pelos demais. As duas poltronas ao lado vazias. Ele, então, atrai sua atenção, e, após rápido diálogo, pergunta: - Sozinha?
Sem nenhuma palavra, ela acena com a cabeça que sim. Nesse momento o ator olha para o público e dispara: - Deve ser boazinha, não?
Riso geral, impossível conter. Pronto, a garota não riu mais até o fim do espetáculo.
Pois é, assim é!
Isso não significa que o ator tivesse razão, afinal solidão nem sempre se resolve com companhia. Ocorre que os sinais eram significativos.
Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente profunda sensação de vazio e isolamento.
É a história do homem bem sucedido que tem a empresa e a chácara. Quando em uma quer estar na outra.
Na empresa os funcionários são uns pesos, na chácara os filhos uns chatos, a esposa aborrecida e os netos irritantes.
Assim, a grosseria alimenta a solidão.
A grosseria e a solidão são irmãs gêmeas e não convivem bem. Apesar da solidão não suportar a grosseria, esta insiste em acompanhá-la. Pouco se sabe de seus pais, ainda que muitas opiniões e lendas os cerquem.
Na família, não se dão muito bem com o primo riso que se casou com a bela alegria. Estes procuram agradar a solidão, mas evitam-na quando está acompanhada da grosseria.
Mesmo William Shakespeare não consegue torná-la mais agradável quando diz "se o amor for grosseiro com você, seja áspero com amor".
Na próxima festa ou encontro observe: Quando encontrar a grosseria, certamente lá estará a solidão. Se a solidão estiver sozinha é porque conseguiu dar uma escapulida.
Qual a solução?
Buscar ajuda. Ninguém precisa viver assim e muito menos obrigar outras pessoas a conviver com isso.
É importante não confundir esse estado com estar sozinho.
Uma gaita, ainda que pequena, é uma excelente companhia para um músico. Que tal um livro, um filme, ou apenas o silêncio.
Um amigo costumava nos dizer: - O silêncio me enlouquece!
E nos contava o incômodo quando tinha que viajar e ficar longe da família, horas nas estradas, dias em hotéis.
Com ele aprendemos muito quando descobriu que não era o silêncio que o incomodava, mas sua voz interior.
Esta pode ser uma grande companhia ou nosso tormento. Depende como a alimentamos e como a satisfazemos.
Para o escritor uma caneta e uma folha bastam, ainda que áspera e grosseira!
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.