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Organização geneticamente modificada

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 19 de Dezembro de 2011

Para entender uma organização é preciso conhecer sua cultura e como ela se formou.

Por essa razão, jamais podemos negligenciar a visão que conduziu à missão e que tem como alicerces crenças e valores.

Um rápido apanhado de tratados nossos sobre o tema nos permite dizer:

Toda criação é fruto da visão de uma pessoa com caráter empreendedor.

A visão cria enfoque, identifica a direção a ser seguida, dá poder às pessoas e as obriga a seguir em frente. Deve ser a mola propulsora das esperanças e sonhos das pessoas que estejam envolvidas. A visão determina por que um empreendimento existe.

A missão se fundamenta para desenvolvimento da visão. Necessariamente precisa ser uma declaração sobre o que a organização é ou será. A sua razão de existir é determinada pela visão.

Todos nós temos crenças, ao sermos de alguma forma atingidos por estas estaremos permitindo que ajam sobre a nossa visão e missão.

Crenças são estados mentais, generalizações que fazemos de nós, das pessoas e também de situações no mundo. As crenças podem ser verdadeiras ou não. São princípios que têm forte influência sobre nossos comportamentos e orientam nossas ações.

Valorizar alguma coisa é investi-la de importância. Nas nossas vidas há uma série de aspectos que consideramos importantes e levamos em conta na hora de agir. Em conjunto com as crenças, os valores caracterizam nossas ações. Valores são aspectos particulares. Pessoas diferentes terão valores diferentes.

Esse conjunto de informações e conhecimentos chamaremos cultura organizacional.

Em um mundo globalizado e em constante mutação, a visão, que gerou a missão, pode ser um grande empecilho ao desenvolvimento da organização?

Não só pode como é o que acontece!

A resistência às novas tecnologias já é fator de grande atraso, o que dizer então quando o pensamento não evolui?

Imagine duas empresas concorrentes, uma ainda na era da mecânica e outra da eletrônica.

Uma recebe os pedidos de vendas por fax, a outra já tem um sistema integrado pela internet. A primeira conta as peças no estoque e informa mensalmente a disponibilidade à equipe de vendas, na outra, a equipe consulta o estoque a qualquer tempo, com acesso imediato.

A primeira mal conhece os negócios do cliente, a segunda gerencia seu estoque e analisa constantemente o giro dos produtos.

Ora, ir mais longe na comparação seria uma covardia, não?

Não é necessário dizer que uma delas atuará com mais desenvoltura em novos mercados, novas

áreas, com novos produtos, conceitos inovadores e equipes antenadas no mercado, não é verdade?

Como uma visão pode ser revista, levando a criar uma nova missão para atender uma nova realidade, quando crenças e valores são alicerces?

Crenças e valores também mudam, desde que haja entendimento e aceitação da nova realidade.

A aceitação permite mudança na cultura empresarial, levando os integrantes a novos chamados.

Lembra, em genética, que genoma é todo tipo de informação hereditária que está codificada no DNA de um organismo? E que essas informações é que determinam características e comportamentos?

Pois é, sabendo disso, o homem, ainda na idade da pedra, já utilizava esse conhecimento para cruzamentos seletivos de animais e enxerto em plantas, como recursos para melhoria de seus rebanhos e colheitas.

Nas organizações não é diferente, isso ocorre com adição de competências, não apenas no processo, mas no DNA, que estabelece a cultura.

Por que razão muitas empresas se mostram imutáveis, entram e saem gestores, e mesmo perdas financeiras e de mercado parecem não afetar seu direcionamento?

Podemos ir mais longe. Pessoas levam empresas à falência e se tiveram chance repetirão o comportamento.

Outras, entretanto, são maleáveis, totalmente adaptáveis, abertas às novas idéias, conceitos, críticas e rápidas para ajustar as velas de acordo com o vento.

Quantas vezes não nos surpreendemos pensando onde reside a magia, que permite a formação de uma nova cultura?

Quantas vezes não lemos que para mudar um reino é preciso mudar o rei?

Certamente não será necessário se a organização do reino for geneticamente modificada!

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

Veja a relação completa dos artigos desta coluna