Quando me for

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 11 de Maio de 2012

Irei sem remorsos, com vontade de ficar, ansioso por chegar.

Curioso, passageiro sou no trem da vida que faz baldeação na estação da morte, com destino à cidade eterna.

Quando partir, na bagagem apenas minha caixa de pandora. Guardarei e comigo levarei, junto à esperança, minhas virtudes. Para não incomodar, meus defeitos aqui não deixarei.

O dia que partir, espero não ser apenas uma lembrança, mas uma saudade!

Nenhuma lápide ou cruz marque minha passagem, com as letras da vida registrei meu caminhar e deixei minhas pegadas. Se as areias do tempo conseguirem apagá-las é porque profundas não foram.

Quando me for, na última morada me coloquem em pé, deitado morrerei de tédio.

Ao me receberem, dirão os anjos, dará trabalho, não encontrou na vida todas as respostas, agora nos traz todas as perguntas.

O que direi a Deus sobre minhas verdades e minhas mentiras?

O que responderei se Deus me perguntar se quero ficar ou quero voltar?

Não chorem os amigos, nem aplaudam os inimigos, já os conheço, basta o silêncio, ouvirei suas almas.

Espero que não lembrem de mim pelo fui, mas pelo fiz, se algo significou. Perdoem meus erros, o Senhor será minha testemunha e lhes dirá: - Não sabia o que fazia!

Não falem de mim, mas se falarem por eu merecer, não conjuguem o verbo no passado, como se morrido tivesse, mas no presente e no futuro, como se eterno fosse.

Ratifico meu compromisso, no céu, dos amigos e inimigos não falarei, para que não sejam chamados, e se pedirem minha opinião, prometo não dar.

Não, vocês não se livraram de mim! Lembrem-se que jamais os deixei, distante os aguardo. Irei encontrá-los e àqueles que me permitirem mostrarei os novos caminhos.

No paraíso, reunidos, riremos alto como sempre, se a ordem de silêncio não nos impedir.

Se incomodar, ora, nos devolvam à vida, assim somos.

Quando me for, se não gostar, quero voltar!