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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 01 de Outubro de 2014
Coloque algumas pessoas que não se conhecem em uma sala lhes dê uma tarefa.
Provavelmente, a tarefa será cumprida. Bem ou mal será realizada. Mas, a sociedade, grupo de pessoas trabalhando de forma organizada por vontade própria, com continuidade e longevidade, tem poucas chances de se concretizar.
Quanto mais pessoas no grupo, mais ideias são ventiladas, mas é mais difícil a união!
Os motivos são muitos. A lista de requisitos para o entendimento é enorme. Os conflitos vão desde o tom de voz nas conversas, passando pela falta de compreensão das questões postas em debate, até os interesses próprios!
Quanto maiores forem os benefícios individuais, maior a probabilidade de desacertos.
Ainda que o prêmio seja individual e o prejuízo coletivo, o foco será sempre a vantagem que alguém levará...
É o caso do jogador de futebol que não facilita a vida do artilheiro porque não terá o mesmo destaque.
Penso que a construção de uma sociedade tem muito a ver com generosidade.
Generosidade é uma virtude. Ocorre quando a pessoa acrescenta algo na vida do próximo. É o ato de doar sem pedir nada em troca.
René Descartes foi mais longe e dizia: "é a mediação entre a vontade e o entendimento".
Perfeito para a construção de uma sociedade, não?
O conceito de coletividade tem a ver com o desejo de atendimento do bem estar comum.
Aqui temos um exemplo simples que mostra essa dificuldade: quantas pessoas não dão um jeito, todos os dias, de furar filas?
Quantos em seu trabalho não atendem mal os que estão nas filas, e quando as tem que enfrentar, do outro lado do balcão, reclamam no mesmo fato?
Regra fundamental para uma sociedade: "para ensinar é necessário ser o exemplo".
Sem organização, não existe sociedade. Teremos um grupo de pessoas, cujas intenções podem apenas se assemelhar!
Imagine uma grande área onde as pessoas possam plantar livremente. Cada uma trazendo suas sementes, depositando-as onde quiserem.
Em pouco tempo, a variedade de plantas será enorme. Misturadas não darão resultados muito favoráveis, com certeza.
Algo semelhante, vemos cotidianamente: a pessoa que nos recebe no banco reclama da secretária do médico, que critica o dentista, que se irrita com o lojista, que não gosta do atendimento da escola dos filhos, que... que...
Diz um antigo ditado: fazer bem feito leva o mesmo tempo que mal feito!
Ora, o mal feito terá que ser refeito. Portanto, ao longo processo este é mais custoso, complicado e chato.
Por que, então, não dar o devido tratamento a todas as questões?
Por falta de entendimento, paciência, arrogância ou interesse?
Consciente que, em sociedade, tudo que vai, volta, seremos mais atenciosos e responsáveis!
Não quer ser generoso? Tudo bem, seja esperto...
Faça pelo bem comum, porque você faz parte do grupo, está no mesmo barco que pode fazer água. A sua dose de benefício ou castigo está sempre a caminho.
Em um voo para o Nordeste, os passageiros começaram a cantar e bater os pés. O comandante, calmamente, disse pelo alto-falante: "senhores, essas batidas dos pés estão desestabilizando a aeronave, e coloca nosso voo em alto risco".
Imediatamente, a bagunça acabou!
Isso, porque estavam pensando no bem coletivo...? Não! Porque pensavam na sua individualidade...
Então, matuta ai: aquele voto na urna é como bater os pés no avião: derruba emprego, salários, a qualidade da saúde, da educação, e assim segue nossa sofrida e inconsequente sociedade.
Já imaginou se colunas e vigas, em um edifício, ganhassem vida e escolhessem a bel-prazer onde ficar?
Assim somos nós, vigas e colunas, de um edifício chamado sociedade.
Você pode fazer quase tudo, reclamar inclusive, mas terá que aguentar as consequências de seus atos e escolhas individuais!
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.