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Por Ivan Postigo
Data de Publicação: 01 de Janeiro de 2015
Ali estava ele. Sereno...
Vira duas guerras e revoluções na Europa. Viera ao Brasil e vivia vida simples.
Quase noventa anos, ainda trabalhava como massagista.
Mãos assustadoramente fortes para a idade. Memória de fazer inveja.
Enquanto fazia seu trabalho, dava conselhos.
Como não ouvi-lo?
Perdera muito, ganhara uma vida de filme e uma impressionante coragem, que era percebida em seus gestos.
Ao abrir da porta, o visitante era surpreendido por dois olhos firmes, um leve e carinhoso sorriso e mãos fortes que não só o recebiam, mas praticamente o arrastavam para dentro.
Enquanto tratou de uma lesão que tive provocada por saltos de trampolim, ficamos amigos.
Que pena, eu era muito novo para "saber aprender" com aquela amizade.
Terminado o tratamento, poucas vezes nos falamos.
Fui cuidar de minha vida, meus estudos, e ele também se foi.
Só descobri quando o indiquei para um amigo, e recebi a notícia, tempos depois, que já não estava mais entre nós.
Acredito que foi ele que, de alguma forma, me disse, que as lições mais contundentes não nos são ensinadas pelos ganhadores - ainda que belas -, mas pelos perdedores!
Algumas pessoas, apesar das perdas, não parecem estar recomeçando, e sim continuando do ponto onde pararam. Não se vê lágrimas, apenas determinação para realizar projetos e alcançar metas.
Teria aprendido lendo Cervantes? "Quem perde seus bens perde muito; quem perde um amigo perde mais; mas quem perde a coragem perde tudo."
Ou quem sabe com Churchill? "O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo."
Sua marca de vencedor: a assustadora serenidade!
Pessoa rara, mas que tive o privilégio de conhecer.
Sempre me perguntava de onde vinha aquele equilíbrio. Até que tempos depois me dei conta: da coragem!
Coragem não significa ausência total do medo, levando o soldado a enfrentar um batalhão sozinho. Isso seria tolice.
Na longa ou curta vida, a maior prova de coragem é suportar as derrotas sem perder o ânimo.
Gosto também do ensinamento de Edmund Burke, quando nos diz: "Os que têm muito a esperar e nada a perder serão sempre perigosos."]
Faz eco com a frase de Lawrence da Arábia, que afirma que os homens que sonham acordados são perigosos, pois de olhos abertos os realizam, tornando-os possíveis!
Malcom X faz um alerta, pois o comportamento pode ser dirigido para o bem ou para o mal: "A mais perigosa criação no mundo, em qualquer sociedade, é um homem sem nada a perder."
Um ditado romeno reforça a tese: "O lobo pode perder os dentes, porém sua natureza jamais."
Bob Dylan se junta aos sábios e pessoas experientes: "Quando não se tem nada, não há nada a perder."
Quem, como ele, tem uma história de luta, sabe como é fazer o caminho sem esperar.
Ah, Vandré: quem sabe faz a hora, não espera acontecer!
Nesta vida, será que nada é para sempre? Sempre?
Estaria certa Cecília Meireles? "Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade."
Entre os fortes Luther King, acreditando que, com perseverança, é possível: "Devemos aceitar a decepção finita, mas nunca perder a esperança infinita."
E seria nato o poder de realização ou podemos aprender?
Tom Jobim dá sua dica: "Assim como o brasileiro foi educado para perder, o americano foi educado para ganhar".
Quando, firmemente, se crê que é possível ganhar, está plantada a semente da coragem para recomeçar. Ou, para os mais fortes, continuar de onde se parou!
Pela lembrança, ao amigo Antonio, onde quer que esteja!
Ivan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.