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Relatos sobre o uso da mobilidade em educação

Por Jaime Balbino

Data de Publicação: 11 de Maio de 2007

O New York Times, copiado pelo portal G1, trouxe há poucos dias uma longa reportagem sobre a péssima experiência de algumas escolas americanas com o uso de laptops tradicionais em sala de aula, inclusive com sua doação aos alunos. Segundo a reportagem os adolescentes utilizam suas máquinas para atividades não pertinentes ao ensino e as escolas não sentiram melhora alguma no nível de aprendizagem.

A reportagem não revela como se deu a adoção dos equipamentos, mas nada indica que a logística de aquisição e distribuição tenha sido acompanhada de preparação do corpo docente, de análise crítica com adaptações no currículo e de um estrutura de acompanhamento e avaliação eficientes. A se manter o ecossistema tradicional, não há porque imaginar quaisquer ganhos efetivos no processo de ensino-aprendizagem somente com a introdução de uma nova tecnologia. A tendência óbvia é que, após o impacto inicial, a rotina escolar retorne aos níveis anteriores, inclusive quanto às expectativas de qualidade.

Fora da sala de aula, num ambiente mais adaptável e menos rígido que a escola, é mais provável a ocorrência de mudanças na rotina, na percepção e na cognoscência do jovem aluno. Mesmo assim é necessário oferecer opções e ferramentas que estimulem este processo. O projeto da OLPC, por exemplo, foca fortemente neste ambiente fora-da-escola, exatamente por oferecer maiores possibilidades, independente de políticas globais ou locais para a instituição Escola.

Mas, voltando ao ensino escolar, vamos comentar algumas algumas pesquisas que buscam a inserção contextualizada da mobilidade no ensino formal. Vinculando-a a metodologias novas e a outras, digamos assim, revisadas. Por exemplo, o blog projeto UCA publicou a experiência de uso da mobilidade em Maine/EUA.

É interessante perceber que, ao contrário do que se possa imaginar, longe de ser um tema raro de pesquisa a mobilidade em educação já há alguns anos vem ganhando destaque, especialmente na União Européia, responsável por financiar boa parte das iniciativas e experiências. Então, sugiro também estes outros textos sobre o mesmo tema:

O britânico "Journal of Interactive Media in Education", em sua edição de dezembro de 2005 fez vários relatos de experiência e análises do uso da mobilidade em educação na Inglaterra. Destaco alguns artigos que considero interessantes:

Em "Should there be a future for Tablet PCs in schools?", há algumas conclusões interessantes sobre motivação e potencial pedagógico, mas eles se limitam a modelos equiparáveis aos laptops convencionais (coisas de 1o mundo...). Mas não invalida a transposição para qualquer sistema de custo menor que mantenha ou aprimore as características dos equipamentos utilizados na pesquisa, já que ela faz uma abordagem social e não técnica.

"Mobile technologies: prospects for their use in learning in informal science settings" analisa cases do uso de tecnologia móvel e ensaia uma "pedagogia na mobilidade". Interessante a citação de um trabalho da Universidade de Helsink (instituição que já pesquisei em 2001 e que produziu dois inovadores softwares: FLE3 e Synergeia). Como complemento, vale a pena conferir também este outro link. A abordagem deles é puramente sócio-histórica, apoiada na linguagem e no conhecimento como construções sociais coletivas. Os mais piagetianos e liberais podem ter dificuldades ao querer reinterpretar os conceitos mais básicos.

"Using Mobile Technology to Create Flexible Learning Contexts" parece avançar mais que o outro texto na prática pedagógica, também numa abordagem sócio-histórica. Os demais textos também são interessantes e tratam outros aspectos igualmente relevantes como websemântica e impacto social.

Há também esta pesquisa sobre a expectativa de uso da mobilidade por estudantes universitários italianos. E sobre mobilidade e aprendizagem contextualizada, isto é, apresentação de conteúdos e serviços de acordo com o ambiente (contexto): "Contextualized Learning with Mobile Devices".

Sobra espaço até para ações de marketing. A Sony está patrocinando o uso experimental de PSPs (seu minigame) em escolas da Inglaterra. Considerando-se o custo baixo destes aparelhos na Europa, a qualidade de processamento gráfico e sua grande conectividade (eles acessam redes sem-fio e aceitam cartuchos), é sim uma alternativa interessante para ebooks, agenda e troca de mensagens.

Links Interessantes

Reportagem original do New York Times e sua transcrição parcial no portal G1.

Reportagem sobre o uso de PSPs em sala de aula.

Um outro artigo sobre o uso da mobilidade na educação.

Blog sobre Mobilidade em Educação

Sobre os autores

Jaime Balbino Gonçalves

Jaime Balbino Gonçalves da Silva é Learning Designer e consultor em automação, sistemas colaborativos de ensino e avaliação em EAD. Pedagogo e Técnico em Eletrônica. Trabalha na ProfSAT - TV Educativa via Satélite. Reside em Campinas, São Paulo.

jaimebalb (em) gmail (ponto) com

Marcos Silva Vieira

Professor desde 1986. Pedagogo, criou projetos de laboratórios de informática nas escolas. Coordena grupos de trabalho em educação inclusiva e uso de novas tecnologias. Faz parte de comunidades Linux voltadas a educação como Linux Educacional, Pandorga GNU/Linux dando apoio pedagógico. Palestrante e ministrante de cursos de formação em software livre educacional desde 2009. Participante e palestrante de eventos como Latinoware (foz do iguaçu), FISL (Porto Alegre), Freedom Day (novo hamburgo), Congresso Alagoano de Tecnologia de Informação - COALTI (edições em Alagoas e Pernambuco). Entusiasta de distribuições linux desde 2002.


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