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Por Franklin Carvalho
Data de Publicação: 23 de Agosto de 2013
Às 13:00, pontualmente, Celinho espera no saguão do hotel. E espera, espera, espera, e nada. Vai até o gerente e pede que ele dê uma "ligadin" na suíte de Langdon. Uma súbita inversão térmica havia trazido um frio de rachar.
— Mr. Langdon, seu cicerone já está à sua... Aconteceu alguma coisa Mr. Langdon? Porque o senhor está gritando? Não entendo o que o senhor está me dizendo. Fique calmo, por favor!
Larga o fone e fala: Sr. Celinho, aconteceu alguma coisa lá em cima, parece que foi sério. Não quer dar uma subida ao 15º? Estou sozinho para cuidar de todo o hotel e não posso sair daqui.
Celinho disparou como uma bala para o elevador. Ao entrar no quarto encontra Langdon pulando feito Apache, gritando como louco:
— TPUT CUP! TPUT CUP! TPUT CUP!!!
Vê o erudito todo ensanguentado e corre para ajudá-lo. Langdon olha para ele e diz:
— Maldita hora que fui dar a última martelada. Olha só o meu dedão, e volta a gritar a ladainha do TPUT CUP mais uma dúzia de vezes. Afinal, ele nâo conhecia palavrão melhor para momentos de aflição extrema. Passados alguns minutos, com a mão enfaixada por uma das camisetas que trouxera na babagem, pergunta:
— Podemos ir ao cemitério? Poderia pegar aquela agendinha que está no chão, por favor? O iPhone também, aí ao lado, acrescentou. Celinho estranhou os 8 kilos do aparelho. Putz, deve usar bateria de Kombi, mas resolveu não comentar nada. Deve ser ótimo para os bíceps...
Robert agradece a ajuda, veste-se rapidamente, e eles partem.
No carro, Langdon pergunta se o cemitério ficava longe. Celinho explica que não: Bem pertin, do ladin, um pôquin, um téquin.
— Aceita um pão de queijo, sô? E lá vai outra caixa. Langdon percebe que já estava meio viciado...
Ao chegarem no Bonfim Langdon pediu que Celinho ficasse no carro, entregou-lhe o S4 dizendo:
— Estou à espera de uma ligação de alguém da Miramax. Estou com um chip da TIM que, por milagre inexplicável, está dando sinal pela primeira vez desde que desembarquei. Nem na loja da TIM no Rio essa droga funcionou. Poderia me quebrar o galho nessa? Celinho, fico te devendo uma.
Entra no escritório e consulta a relação de túmulos. Lê tudo duas vezes e nadica do Kibon. Pergunta então ao atendente no balcão, que pensativo, num ritmo meio Mantega, meio Suplicy, após uns 25 minutos responde: Ah, não era Kibon, era Kibão, lá no fim da quadra S, do lado esquerdo. Kibão tinha esse apelido pelo formato da sua cabeça. Impossível não lembrar quanto os coveiros tiveram trabalho para adaptar uma jaca no topo do caixão para o cabeção caber. Fizemos o enterro lá no S41. Depois de uns anos exumaram o cadáver mas não lembro para onde levaram os ossos. O túmulo está lá ainda...
Depois de encontrar a lápide Langdon fez inúmeras fotos com o iPhone12. Estava muito confuso com aquela charada no epíteto.
Um K, dentro de um círculo dentado, ladeado por uma estranha cronologia invertida: 1840-1726. Logo abaixo, as indecifráveis linhas:
afadaacabada1 afadaacabada2
Não se demorou na visita ao túmulo. Ao sair, dirigindo-se à saída, topa com um grupo de mulheres de burcas negras subindo pela quadra S e coloca-se de lado para ceder passagem. Todas de negro, apenas uma de burca branca, escondida atrás do séquito, segurava algo parecido com um joystick com um botão vermelho em cima. Uma delas esbarra em Langdon durante a passagem, o que o faz soltar o iPhone12 no chão. Enquanto recolhe o celular todo desmontado no cimentado, Robert vendo o grupo se afastar, consegue ler nas costas da burca branca, em um diminuto bordado vermelho, BUM!.
Já quase próximo ao portão, empunha o iPhone12 rejuntado para tirar uma última foto panorâmica. Ao apontar o celular um KBUM!!! ensurdecedor eclode bem próximo ao grupo de mulheres. Não fossem os 68 cms do aparelho agindo como um escudo, Langdon teria sua cabeça decepada. O anteparo salvara, literalmente, seu pescoço. Voou pedra, perna, braço, toco, grama, fragmentos do Alcorão, muitos imãs de geladeira do Disk-Gás, etc. Aquela passara bem perto. Um enorme .conf
espalhava-se pelo cemitério.
Apavorado, Celinho salta do carro e cruza o portão em busca de Robert. Avista-o em farrapos, com o que restou de uma vaso sobre a cabeça, mais amassado que terno do Antônio Ermírio. Estava em um estado deplorável.
— Tá bem Professor Langdon?, enquanto apalpava-o checando se algo estava quebrado ou perfurado. Robert ficou meio P com aquela apalpação. Mas não era hora, e nem local, para repudiar aquele suspeito exame de toques.
Cambaleante, Robert responde em Z++:
— Zuzo bem, Zelinho. Eu zô bem, eu zô zó meio zonzo. Zossa Zinhora! Zê num tá escutando um zum?
— Professor, vamos para o carro, deixa que eu te ajudo. Põe esse braço no meu pescoço e vamos bem devagarzin...
Mais grogue que Lula depois de churrasco, Robert não sabia como chegaram ao carro.
— Vamos ao hospital Professor?, pergunta insistente Celinho algumas vezes, enquanto envolve-o com o cinto.
— Zum preciza zão. Zá zô ficando bão. Zelinho, zê num zá zouvindo mesmo o zum? Zerá que zô ficanzo zureta?
De repente, lembrou que todas as fotos que estavam no iPhone talvez estivessem perdidas para sempre. O gadgetão estava totalmente despedaçado, destroçado, e talvez não restassem evidências, além das lembranças do acontecido. Celinho interpreta seu temor e abre o punho à sua frente. Voilá! O cartãozinho Flash na palma de sua mão.
— Zão e zalvo, disse aliviado Robert apontando para o cartãozinho.
— Vamos dar uma passada na LinuxPlace e peço aos meus técnicos para recuperar o conteúdo. Fique calmo e coma esse pãozinho de queijo, disse Celinho para consolá-lo.
Na primeira dentada, Zobert ZangZon zembra de ter lido "Zink Zifferent" no verzo do ezcudo zalvador no inztante da foto, zotalmente alheio ao que Celinho dizia. Zentado no banco do pazzazeiro, apagou. Zzzz.
Meia hora depois, o gerente ajuda Celinho a retirar o corpo desmaiado e em farrapos do carro. Levam-no para a suíte e o colocam na cama. Celinho pega a caneta e escreve um bilhete. Deixa-o junto com a agenda retirada do único bolso restante do paletó estraçalhado, do lado do travesseiro do zumbi que zó ouvia um zummmmmm.
Zo be zontinued ...
Sou Linux desde criancinha. Foi meu amigo Rodney, creio em 1998, que me botou no barco quando me deu um curso de um minuto e meio de VIM mostrando como entrar, editar, salvar e sair. Em seguida me apresentou o MAN dizendo: Te vira, tá tudo aÃ, dá um Q para sair e um mc para passear. Então virou as costas e foi embora. Anos depois meu grande amigo, o abominável Júlio das Neves, o Papai do Shell, me deu de presente um curso profissional de Shell Script em uma caverna do Afeganistão. Nesse meio tempo li o livro Unix Text Processing, igualmente marcante. Agradeço aos amigos Rodney, Júlio, Rodrigo, CelinhoPlace, Aurélio2txt, Henrique, Red Alexandre, Queiroz e famÃlia, os Brod, Lucas da Óxenti, Sulamita, Roxo, K_Helinho, Renato, Edson Perl, os 4Linux e também os Solis, o grande Mr. Lutkus, Orlando Nipo, e tantos outros que conheci através da finada Revista do Linux, empreita que tenho orgulho de ter participado. A lista é longa demais mas preciso dar um << EOF.
Trabalho com jornalismo de informática, direta e indiretamente, há anos. Fiz alguns prefácios de livros de amigos nos últimos anos os quais referencio como sendo o núcleo de uma organização clandestina a quem pessoalmente chamo de a "turma do MAN Salão". Punto, já falei demais. O resto, nem sob tortura.