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Unix Text Processing, um bom livro para ler

Por Franklin Carvalho

Data de Publicação: 26 de Agosto de 2013

Eu sou um dos que gostou muito de ler esse livro clássico. Depois das tiragens impressas esgotadas, está disponível para download em PDF aqui. Já faz uns dez ou mais anos que o li, mas que me marcou, marcou. É um bom livro para qualquer um que goste de computadores e sistemas, ou que goste de escrever sobre o assunto, ou ainda de um excelente curso inicial sobre Unix (English, of course).

Foi direto para a cabeceira, na época, e não saiu mais. Lá aprendi a bifurcação conceitual do Unix (KISS) e de outros sistemas pessoais (KISS ME). Esse livro foi bem mais que isso, e se tornou nevrálgico em minhas escolhas de palavras, para sempre, do que escrevo sobre bits. Mesmo errando, em meus erros recorrentes, lembro sempre desse livro, para evitá-los. Tanto no meu estilo besteirol, quanto no meu sóbrio cinza, igualmente óbvio. Kill the game, not the player.

É um livro corretamente respeitoso, da parte dos autores, com os leitores a quem querem passar conhecimento e aos que nunca lerão o livro. Um guru Unix e um editor que conhece muito do assunto e que explica o nascimento operacional de sua editora, a O'Reilly. Falam sem os cacoetes dos que querem apenas irritar ou criticar. Demora para cair a ficha aos persistentes xiitas, os que fazem apenas irritar por irritar, os que gostam de destruir ou pichar a parede de qualquer um, quem quer que seja. O estilo da narrativa é bastante raro nos livros de informática. Não é para iniciantes.

Em uma análise inicial sobre os editores de texto vi x WordStar, exibe as contradições entre os universos tão inversos. Não há bem ou mal, mas enquanto uns tem uma herança rica em tela preta, outros pedem para ver mudanças gráficas em suas interfaces, sem herança preta alguma. KISS x KISS ME. Passados tantos anos, os ressentimentos estão sepultados na leitura desse livro, embora a discussão central ainda seja a mesma. Nada como o tempo para cicatrizar bobagens ditas ou escritas.

^Bpalavra^B, quero ver o negrito

No WordStar, (Control +B, palavra, Control +B), descrevia mnemonicamente o negrito em tags, mas que não era exibido graficamente na tela para os usuários do DOS, frustração que redundou no nascimento do Windows. No editor vi isso nunca existiria, mesmo abrigando tags para outros aplicativos via pipes. O Unix, em sua filosofia como sistema, nunca seria receptivo a esse tipo de requisição.

Keep It Simple Stupid, faça apenas o que tem que fazer

Isso, de modo transparente e bastante conciso, exibe a bifurcação entre as duas abordagens, sem contrariar ou espinafrar nenhuma delas. Os autores não se perdem em apreciações religiosas, nem criam um Oriente Médio entre as diferenças.

Entre as curiosidades das páginas, estão ver um desenho de um modem em perspectiva, escrito no vi, macros surpreendentes e "otras cositas más".

Sem mais delongas...

Sobre o autor

Sou Linux desde criancinha. Foi meu amigo Rodney, creio em 1998, que me botou no barco quando me deu um curso de um minuto e meio de VIM mostrando como entrar, editar, salvar e sair. Em seguida me apresentou o MAN dizendo: Te vira, tá tudo aí, dá um Q para sair e um mc para passear. Então virou as costas e foi embora. Anos depois meu grande amigo, o abominável Júlio das Neves, o Papai do Shell, me deu de presente um curso profissional de Shell Script em uma caverna do Afeganistão. Nesse meio tempo li o livro Unix Text Processing, igualmente marcante. Agradeço aos amigos Rodney, Júlio, Rodrigo, CelinhoPlace, Aurélio2txt, Henrique, Red Alexandre, Queiroz e família, os Brod, Lucas da Óxenti, Sulamita, Roxo, K_Helinho, Renato, Edson Perl, os 4Linux e também os Solis, o grande Mr. Lutkus, Orlando Nipo, e tantos outros que conheci através da finada Revista do Linux, empreita que tenho orgulho de ter participado. A lista é longa demais mas preciso dar um << EOF.

Trabalho com jornalismo de informática, direta e indiretamente, há anos. Fiz alguns prefácios de livros de amigos nos últimos anos os quais referencio como sendo o núcleo de uma organização clandestina a quem pessoalmente chamo de a "turma do MAN Salão". Punto, já falei demais. O resto, nem sob tortura.

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