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WebTV e MiroPlayer

Por Frederick Montero

Data de Publicação: 03 de Dezembro de 2008

O aspecto que mais me fascina na internet como veículo de transmissão e distribuição de vídeos é a liberdade e pluralidade de opiniões e pensamentos que ela permite. Qualquer outro método de distribuição de conteúdo audiovisual esbarra em barreiras financeiras, tecnologicas, de público e de licença que inviabilizam diversos projetos que pretendam começar de uma forma modesta, com uma equipe pequena e poucos equipamentos. Mas a internet minimiza a maioria desses problemas ao oferecer um veículo para a oferta de programação audiovisual com um baixo custo, acesso a um público gigantesco e ampla liberdade de publicar conteúdos sem restrições ou censuras editoriais. Ou seja, a WebTV é uma forma de permitir que associações de bairro, organizações não-governamentais, faculdades, universidades ou grupos de pessoas com muita iniciativa possam criar programas de televisão com muita facilidade e uma grande chance de atingir um bom público.

Porém, por mais que a ferramenta apresente uma infinidade de vantagens para a distribuição de vídeos, ainda assistimos aos primeiros passos da internet nesta área, se a compararmos com veículos como a televisão à cabo ou via ondas de rádio. A realidade atual é que ainda faltam inúmeros avanços em diversas questões, desde tecnologicas até de pluralidade de veículos para a distribuição e recepção dos vídeos. Neste último ponto, assistimos a ascensão exclusiva de uma única empresa, paulatinamente dominando todo o cenário do entretenimento digital. Claro que a Apple tem seus méritos, graças aos seus próprios esforços, mas a falta de criatividade e de percepção das reais necessidades do público por parte de outras empresas, institutos, governos ou grupos faz com que ela possa caminhar tranquila no campo das mídias digitais. A Apple sozinha está construindo um conjunto sofisticado de equipamentos e tecnologias que não encontra semelhante em qualquer outro grupo. Talvez o grupo de tecnologias mais próximo ao quarteto iPod-iTunes(programa)-iTunes(loja)-iPhone são o Marketplace e o Zune, da Microsoft, ou no campo do OpenSource, o programa de reprodução de vídeos MiroPlayer.

O Miro é um projeto curioso porque tinha tudo para emplacar no gosto do público em geral, porém enfrenta barreiras que seriam até ridículas de resolver pelo seu caminho para levantar a sua popularidade. Mas independente dessas barreiras, na sua essência o Miro tem objetivos que atraem os amantes da WebTV, como a preocupação de garantir um meio eficiente e descentralizado para a publicação e recepção de canais de vídeo pela internet. A sua característica mais marcante é o uso de tecnologias como a do podcast e do BitTorrent para garantir um meio de distribuir os vídeos através da internet sem pesar para o espectador ou para o distribuidor. Ainda assim, o Miro peca justo onde muitos projetos opensource também falham: é pouco atrativo para o público em geral. A sua interface funciona como uma camada em forma deHTML por cima de um outro projeto opensource, o VideoLan (VLC), o que torna a sua navegação e utilização pesada. Além disso, o foco está em trabalhar exclusivamente com vídeos, ainda mais na forma de capítulos de programas de TV, sem permitir uma maior agilidade e diversidade no gerenciamento de mídias. E por outro lado, aquela que deveria ser a sua maior vantagem, a utilização do BitTorrent para publicar e distribuir vídeos, torna-se um empecilho porque dificulta a publicação de uma programação regular, por falta de programas específicos para converter automaticamente os arquivos de vídeo em arquivos BitTorrent.

Ainda assim, eu acredito que o MiroPlayer é um dos projetos mais promissores que encontrei na internet. Apenas se pudesse, gostaria que alguns pontos do projeto fossem melhorados, tendo em vista quesitos que fariam um conjunto de ferramentas integradas para garantir a qualidade da experiência que o espectador teria com o projeto.

Sobre o autor

Frederick Montero, diretor, produtor e editor de vídeo. Formado em Filosofia pela Unicamp, é diretor do vídeo Supermegalooping, premiado no Primeiro Festival de Vídeos pela Internet. Mantém o blog sobre mídias digitais d1Tempo Digital.


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