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Por José Antonio Milagre
Data de Publicação: 15 de Janeiro de 2009
Se há uma palavra que possa expressar com precisão a força que tentar destruir o Software livre no mundo, poderíamos resumir como: compatibilidade. Faça um exemplo: Tente abrir um arquivo .php no FrontPage. Lamentavelmente seu arquivo é associado ao Notepad, e você usuário, sequer tem a liberdade de associar o programa que quer para abrir o arquivo. Mas não para por aí.
Sempre que nos reunimos para discutir sobre o assunto, a tônica dos debates é interessante: Estamos, todos os dias, produzindo "Hieróglifos Digitais", tal como os antigos egípicios fizeram. Nas mãos dos proprietários de softwares, produzimos arquivos que, após algum tempo, não possuem programas disponíveis para abri-los e então começamos uma cansativa maratona de conversões até decifrar o "hieróglifo digital". Imagine neste momento, quantas teses de conclusão de cursos estão armazenadas nos computadores de faculdades, as quais não se pode abrir em nenhum dos programa modernos. A menos que você tenha o programa que foi usado para editar o arquivo originalmente, o que é muito difícil, você não pode abrir algo que que você mesmo fez! Somos reféns de um sistema que nos impõe ter instalado em máquinas várias versões do mesmo programa, como por exemplo, uma suíte de escritório.
Mas não para por aí ainda!
Quer outro exemplo, tente achar um conversor .docx para .doc... E neste ponto que chegamos a outra face dos hieróglifos digitais: Se por um lado, documentos dependentes de aplicações, se tornam hieróglifos digitais, também, por outro lado, geram aplicações inúteis. Quantas vezes, você foi surpreendido este ano, com arquivos cuja extensão apresentava um desgraçado "x" na sua composição, o que simplesmente satirizava todos os seus aplicativos até então instalados, inúteis em face daquela malfadada extensão. Moral da história? Gastos! Ou compra a nova suíte ou está fora. Então, agora podem entender porque é tão difícil encontrar um conversor na Internet... E tome cuidado, pois se converter ainda pode ser processado por violação autoral de software na modalidade "engenharia reversa", ao que para nós advogados, seria igual a "tirar minhoca de azulejo", mas que infelizmente "cola" em alguns juízos.
Não bastasse, muitos proprietários estão sempre anunciando projetos de interoperabilidade, para sanar as dificuldades que eles próprios criaram, a chamada "criação de dificuldade para a venda da facilidade". Tome por exemplo o polêmico "OpenXML". Faça-me o favor! Não se tem a menor noção do que seja "Interoperabilidade" e querem conceitualizar o termo! A solução livre para escritório e trabalhos acadêmicos todos nos conhecemos e é o padrão ODF (Open Document Format), aprovado pela ABNT, da ODF Alliance (br.odfalliance.org), cujo aplicativo BrOffice vem cumprindo com maestria suas finalidades. Mas é aí que temos outro problema...Quem deveria dar o exemplo, está falhando gravemente, mas isso é assunto para o próximo artigo, onde comentamos sobre a apologia ao Software Proprietário.
José Antonio Milagre possui MBA em Gestão de Tecnologia da Informação pela Universidade Anhanguera. É Analista de Segurança e Programador PHP e C, Perito Computacional em São Paulo e Ribeirão Preto, Advogado Especializado em Direito da Tecnologia da Informação pelo IPEC-SP, graduado pela ITE-Bauru, Pós-Graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Faculdade Fênix-SP, com defesa de tese e área de concentração Crimes Eletrônicos, Valor Probatório e o Papel da Computer Forensics, Extensão em Processo Eletrônico pela Universidade Católica de Petrópolis-RJ, Treinamento Oficial Microsoft MCP, Certificação Mobile-Forensics UCLAN-USA/2005, Professor Universitário nos cursos de TI e Direito da Anhanguera Educacional e de Direito e Perícia Eletrônica na Legal Tech em Ribeirão Preto-SP , Professor da Pós-Graduação em Direito Eletrônico pela UNIGRAN, Dourados/MS (Perícia Computacional), Professor da Pós-Graduação em Segurança da Informação do Senac-Sorocaba, Professor da Pós-Graduação em Computação Forense da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Vice-Presidente da Associação Brasileira de Forense Computacional e Presidente da Comissão de Propriedade Intelectual e Segurança da Informação da OAB/SP 21 a . Subsecção, membro do Comitê de Comércio Eletrônico da FECOMERCIO-SP, membro do GU LegislaNet e TI Verde da SUCESU-SP e palestrante convidado SUCESU-ES. Professor Convidado LegalTech, UENP-Jacarezinho, UNESP, FACOL, ITE, FGP, nas áreas de Segurança da Informação, Direito Digital e Repressão a crimes eletrônicos. Co-Autor do Livro "Internet: O Encontro de dois mundos, pela Editora Brasport, ISBN 9788574523705, 2008.