E não é que a pedra rolou antes da hora!?
Breves considerações sobre a arte de se auto enganar por factóides.
Data de Publicação: 03 de Setembro de 2016
Não saiu como eu esperava. Reconheço ter sido surpreendido. Também pudera! Estava totalmente alheio ao que ocorria ao meu redor.
Mas, peraí!! E se eu estivesse "ligadaço"! Proferindo pareceres, excertos de teses constitucionais alimentadas por jornais e posts em mídias sociais absolutamente sensacionalistas. Alimentando, sempre, a instigação...JAMAIS o esclarecimento. Enfim, se ligadaço eu estivesse o que adiantaria? Pois é!! Talvez a emenda saia pior do que o soneto. Afinal, a mídia deu uma mãozona a Lula e o PT que, com seus acólitos sistematicamente colocados em posições cruciais na estrutura pública, urdiram um golpe na sociedade...Desculpem...MAIS um golpe. Enfim, de que adiantou a sociedade estar "conscientemente ligada" nos fatos atuais? De que adiantou?! Nada.
Bem, vivi a agonia de não ter ninguém para conversar, debater ou explicar os sutis aumentos que vi nos preços, sobretudo os que tinham controles públicos. A cebola chegou a variar de 9,00 até centavos em questão de semanas nos grandes centros. E o feijão sumiu. Aliás, a mídia dedurou onde estaria o feijão e...ficou por isso mesmo!!! Nada ocorreu, sequer entrou nos "autos" do "golpe". Afinal, vi aumento de pequeninas taxas nos serviços bancários e na conta de energia pública. Meu orçamento consegui reduzir o consumo perto de 20% mas as despesas subiram 13%. Como pode?! Será que sou um administrador familiar incompetente? Não, o Brasil estava desgovernado...pertinho de Mariana e a mídia congelando nosso rosto e olhar para Paris...Aliás, como SEMPRE faz.
Bem, o golpe já foi dado. Estou curioso acerca de que novos "factóides" irão alimentar os papos nas mídias sociais e nos "leads" dos jornais na web. Passei em duas livrarias, consegui folhear alguns livros didáticos que sobraram (os paradidáticos estão um horror!! ou de platitudes ou de "novos olhares" sobre eventos de nossa história).
E por falar de "novos olhares" lembrei da psicóloga em Macaé RJ me entrevistando ao querer saber a celeuma sobre a mudança do nome da ponte Rio-Niterói...os "politicamente corretos" conseguiram mudar, na marra, o nome da ponte subtraindo fatos importantíssimos de nossa história contemporânea. Falo isso porque já perguntei o que fez de bom Costa e Silva, um falecido general-presidente, merecer o nome em uma ponte (acho maneiro a forma que o americano fala: "name after"...legal, um quê de romântico).
Pois é, sem surpresa alguma pouquíssimos sabiam. O que chegou mais perto já havia ultrapassado a curva, já adentrou nos "enta", quarENTA e um anos. E ainda assim não sabia a resposta. Bem, para surpresa geral não foram os militares que deram o nome, foi o Congresso Nacional e, pasmem, sem nenhum fuzil na nuca. Incrível!! Os deputados de plantão resolveram batizar o nome da ponte de Costa e Silva. Mas por que? Bem...bem.
Houve um pequenino estado no Brasil, conseguia ser menor que Sergipe, chamado Guanabara. Era maneiro cruzar o rio Pavuna em Olinda e sair do Rio (roça) para a Guanabara. Ah!! Isso era loooonge da zona sul, isso era coisa de suburbano. Tanto é que lembro que garoto, ainda, no trem Japeri, quando o trem parava por panes na linha (e como tinha panes, suburbano sofria e muito), buscávamos o vagão que ficava "parado" sobre o rio Pavuna. Era divertido correr para o norte do vagão: "Tô no Rio!!" e depois para o sul: "Tô na Guanabara!!" Brincadeirinha babaca pacas...mas muito divertida.
Enfim, nossa irrefragável burocracia, nosso "dna burocrático" tornava concepções e demais licenças de construção extremamente demoradas, difíceis e sempre com um "porfora prá molhar a mão" da "turma da repartição". Dentre várias e demoradas licitações não feitas no conjunto, as construtoras sublocadas "pool" vencedor da obra (talvez seja prudente não falar o nome, vai que a "Lava Jato" consdera irregular e mandam demolir a ponte?! Sei lá! É melhor ficar quieto. O fato é que precisou da "mão pesada" do presidente Costa e Silva avocar a si a coordenação da construção. Bem, isso era o que o Stanislaw Ponte Preta, maledicente que só, mas muito engraçado, dizia. Uma ponte entre dois estados precisava andar e somente um presidente é que "tocava a obra". Absurdo, não? Mas o que difere das envolvidas nas investigações hoje? Para mim é a natureza do problema que, se não conhecido e entendido, ele se repetirá por várias vezes precisando apenas de um breve período na moita, encubado, aguardando o "brasileiro esquecer".
A vantagem de eu ser estudante em 1972, no Pedro II, é que meu professor de história, carioca da gema, sabia dos "metier" da ponte e aprendi muita coisa ainda adolescente. E a moçada de hoje? Vai estar "sempre inventando a roda" se lidar com eventos que já ocorreram e tiveram o seu "Lessons Learned" subtraídos pela manipulação dos livros. É quando eu me pergunto: E se a sociedade gostasse de ler e não tivesse vários eventos históricos subtraídos de seu ensino pelos professores "não-golpistas"? Será que o show de corrupção descoberto (creio que muito virá, ainda) teria tanta chance de acontecer? Com tanta profusão? D U V I D O!!!
Sorte a minha. Sorte da patota dos sessentinha, que teve chance de estudar livros bons, sem manipulação ideológica e consegue ver e entender o Brasil mais rápido do que as gerações Y e Z! Aliás para esses faço uma pergunta: A minha geração e a que precedeu a minha construiu pontes, estradas, hospitais, escolas, enfim, vários itens sociais objetivos, reais e não virtuais e, sobretudo, concretos que até hoje as novas gerações usam. A pergunta: Será que podemos nos abrigar, andar, comer e ser atendidos dentro de aplicativos e músicas de qualidade duvidosa? Como pode uma sociedade querer sair da crise se menos de 13% dos diplomas de quarto e quintos graus de ensino nacional são para a área de exatas enquanto mais de 60% vai para a área de humanas...o virtual prevalece, irrefragavelmente, sobre o real, objetivo e concreto.
Bem, sobre a rocha, a pedra: Nada, absolutamente nada das abstrações filosóficas orquestradas pela mídia, goela adentro, enquanto a sociedade olhava Paris, ajudou-a a manter, sopro morro acima, a rocha rolada por Sisyphus, até chegar ao topo em 31 de dezembro. Renan e Levandowisck empurraram-na lá de cima e a trupe, uma vez mais decepcionada, apenas a lamentar e gritar: "Corre Sisyphus, na próxima vai que dá!!"