O círculo do engajamento
Por Jefferson W Santos MSc
Data de Publicação: 25 de Janeiro de 2021
Houve uma época na qual foi comum se imputar aos líderes o fracasso da
motivação entre colaboradores. A desmotivação era fruto, de acordo com o
pensamento vigente, de uma ineficiente "gestão da motivação" dos colaboradores.
O que, todavia, eu aprendi em mais de trinta anos liderando colaboradores
é que pessoas não fazem ou deixam de fazer algo em função de serem ou não
estimuladas por outrem. Levando para o ambiente nas empresas, se o indivíduo
se propõe a ocupar uma vaga e por seu trabalho ser remunerado, o mínimo de
expectativa que se tem é que, por motivo de decência e ética, sejam feitas
ou realizadas atividades para as quais a pessoa é remunerada. Portanto,
estimular ou gerenciar a motivação de alguém para fazer aquilo pelo qual é
remunerado não é coerente.
O que a lide em empresas e organizações me ensinou à frente de mais de 400
colaboradores diferentes é que alguém só se mobiliza para fora da zona de
conforto para fazer algo quando se convence de que vale a pena fazê-lo e não,
aliás, muito longe de ser, resultado de técnicas motivacionais de outrem.
Dessa ampla, demorada e estressante experiência (com muito mais erros do que
acertos) aprendi muito e me convenci de que existem fatos e circunstâncias
que permitem o engajamento deliberado e voluntário de alguém para fazer
algo. Eu chamo de O CÍRCULO do ENGAJAMENTO.
O primeiro elo do círculo começa com o CONHECIMENTO. Quem precisar da
adesão de alguém para realizar qualquer tarefa, atividade operacional ou
administrativa ou mesmo um amplo projeto precisa DEMONSTRAR CONHECIMENTO.
O conhecimento sobre o que tem a ser feito, seja ele conhecimento técnico,
científico ou, ainda, o empírico fruto da experiência pessoal. O conhecimento
sobre as circunstâncias sob as quais a atividade será feita. Essas
circunstâncias estarão sob a influência de fatores externos da empresa que,
inevitavelmente, de uma maneira ou de outra, interferem na produtividade
ou na eficiência das atividades dos setores e pessoas de uma empresa. Como
exemplo citaria problemas com fornecimento de energia elétrica, trânsito e
mobilidade prejudicadas por eventos adversos, falta de segurança, alagamentos
advindos de problemas de saneamento etc.
O conhecimento dessas circunstâncias permitirá uma profunda avaliação das
possibilidades sob as quais a atividade poderá ser feita, quando poderá
ser feita e sua viabilidade no prazo estipulado por quem determinou algo a
ser feito.
Uma vez conhecidas as circunstâncias, uma adequada articulação entre os setores
e pessoas envolvidos poderá ser feita a fim de se avaliar as possibilidades
de sucesso do engajamento de todos.
O conhecimento e a articulação permitem demonstrar o método por intermédio
do qual o que tem a ser feito será realizado de forma eficiente e produtiva.
As pessoas que serão envolvidas, ao perceberem esses elementos presentes,
estarão convencidas do conhecimento possuído por quem os liderará.
O segundo elo vem a ser a capacidade de COMUNICAÇÃO, de forma clara, objetiva
e concisa do que tem a ser feito a quem será envolvido nas atividades. Pode
ser que o grau de complexidade das atividades não permita concisão nas
explicações, contudo o comunicador terá as competências necessárias para
tornar a narrativa arrebatadora.
Uma narrativa bem planejada, elaborada e argumentada permite que o terceiro
elo se consolide: a COMPREENSÃO. Equivale dizer que quem ouve entendeu, sem
qualquer dúvida o que foi dito, a motivação e objetivos do que tem a ser feito.
Somente após compreender bem, haverá o quarto elo, o CONVENCIMENTO. Quando
os indivíduos se convencem de que algo precisa ou deve ser feito abre-se
caminho para a voluntária ADERÊNCIA. A pessoa fará, se engajará
Uma vez, deliberadamente engajado, o quinto e último elo se conecta aos
demais: o COMPROMETIMENTO dos envolvidos com a eficiência, produtividade e
qualidade do que tem a ser feito.
Este círculo de ENGAJAMENTO (CONHECIMENTO, COMUNICAÇÃO, COMPREENSÃO,
CONVENCIMENTO e COMPROMETIMENTO) só me ficou límpido e cristalino depois de
anos à frente de muitas equipes, diversas em formação, em nível intelectual,
nível remuneratório, oriundas de regiões diferentes do país e em circunstâncias
de atuação geralmente adversas.
Quisera eu ter tido a chance da clarividência dessas circunstâncias mais
cedo na carreira. Teria me poupado diversos dissabores e recursos. Todavia,
entendo ser oportuno tornar essa experiência em uma narrativa na esperança de
que quem vier a ler faça bom uso. Afinal, teremos tempos complexos doravante
e a participação aderente e voluntária de pessoas em equipes será um fator
diferencial e fundamental para o sucesso e, quem sabe, a sobrevivência das
organizações.
Portanto, eu lhe desejo boa sorte e sucesso.
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