A liderança situacional
Por Jefferson Santos
Data de Publicação: 05 de Agosto de 2021
O presente artigo visa evidenciar a importância de outro tipo de liderança
nas organizações, aquela que surge espontaneamente dentre os liderados em
momentos de crise ou de conflito.
Ao longo de minha carreira como militar, por força de ofício e imposição
doutrinária, li muitos livros e artigos -científicos ou não- sobre muitos
assuntos. A maior quantidade versou sobre LIDERANÇA, até por demandas de
preparação para os variados e constantes desafios profissionais.
Nessa lide tive oportunidade de interagir ou estar responsável por muitos
profissionais de origem e de formação variada.
Algumas constatações na vida profissional prática subsidiaram, de forma
clara e objetiva, meu entendimento sobre este tema.
Com base no acima exposto seguem algumas considerações:
O que é LIDERANÇA?
É estar à frente de um grupo de pessoas para cumprir um objetivo.
Também é usar seus conhecimentos e tomar iniciativa a fim de solucionar
problemas ou eliminar ou mitigar riscos.
Quando se trata de atividades ou processo ou projetos no âmbito de uma empresa,
liderar é conduzir pessoas para o cumprimento da missão e para o atingimento
dos OBJETIVOS da empresa (organização).
Portanto, liderança tanto serve para se finalizar a alguma coisa como,
também, concluir uma meta ou atingir um objetivo.
Contudo liderança também serve para se conduzir um grupo de pessoas para uma
condição de segurança, preservando a integridade física em iminentes riscos
à vida.
Com base no exposto, liderança se observa em atividades com mais de uma
pessoa envolvida.
Nos âmbitos empresariais ou organizacionais geralmente a liderança é entregue
ou designada, formalmente, pelos escalões superiores no intuito de se obedecer
a diretrizes, concluir metas e atingir objetivos.
Fora dos âmbitos organizacionais a liderança normalmente emerge dentre
pessoas e por essas é reconhecida e naturalmente seguida.
Essa liderança fora dos livros e artigos acadêmicos se evidencia em acidentes,
alagamentos, enchentes, incêndios dentre outras calamidades.
Mantendo-se o contexto da liderança nas empresas, quando se fala em liderança
pensa-se no indivíduo formalmente designado pela direção. A este pode-se
investir em cursos, workshops, livros, filmes etc.
Todavia, também existem outros líderes que tem a mesma importância para a
empresa: salvar ou resguardar vidas em casos de sinistros. Eventualmente eles
podem liderar de forma espontânea pessoas para, além de resguardarem suas
vidas, controlarem a propagação de sinistros (fogo, alamentos, desabamentos
etc.) evitando a ampliação dos prejuízos.
Esses líderes emergem naturalmente dentre os formalmente liderados em uma
empresa. Com seus conhecimentos, convicção e iniciativa de ações aglutinam,
em torno de si, pessoas que lhes seguirão de forma voluntária.
Conheci algumas dessas lideranças espontâneas em investigações de acidentes
aeronáuticos, ações de mitigação após enchentes, deslizamentos de encostas
por motivos de chuvas fortes, em resgates e ações de mitigação de danos por
desabamentos de prédios ou de armazéns etc.
Esse tipo de liderança além daquela preconizada na teoria dos livros e
artigos científicos, que eu chamo de liderança situacional, me ensinou
algumas peculiaridades sobre líderes e liderança:
- LIDERANÇA é orientar e conduzir pessoas a fazerem alguma coisa com um
objetivo específico. Alguns fatores são observados:
- Segurança; Qualidade; Eficiência; e Produtividade.
- Qualquer pessoa, em qualquer circunstância e em qualquer função poderá
exercer liderança;
- Como exemplo: Incêndio em uma empresa ou armazém onde pessoas
precisem evacuar com segurança sem inalação de fumaça ou gases tóxicos;
- Bloqueios de saídas (evacuação) de prédios por desabamentos ou
enchentes;
- Outros exemplos de crises ou desafios que ocorram em um ambiente
de trabalho.
- As pessoas naturalmente aderem a quem, além de demonstrar conhecimento,
demonstram convicção no que fazem e tem iniciativa de ações;
- Portanto, para se obter essa voluntária adesão de outros, o LÍDER tem que
ter conhecimento sobre:
- O que vai fazer;
- O ambiente onde será feito;
- Interferência do ambientes -externo e interno- no que será feito;
- Planejar ações alternativas;
- Líderes tem consciência de cumprir a missão do setor ou da empresa;
- Líderes devem demonstrar comprometimento com o coletivo;
- As empresas devem preparar funcionários para:
- Tomarem decisões (em qualquer nível de execução); e
- Dar-lhes autonomia de ações nos respectivos níveis de atuação.
- É de fundamental importância que ao longo de se elaborar um produto,
seja um bem ou um serviço, em uma empresa, os funcionários em todos
os níveis dessa cadeia de produção tenham algum grau de AUTONOMIA
para tomarem suas DECISÕES funcionais, em seus níveis a fim de, ao
se depararem com situações inusitadas, tomem iniciativa de ações para
não se comprometer a produtividade, a eficiência e a competitividade
da empresa;
- Vale salientar, neste aspecto, que DECISÕES levam a ações que,
uma vez iniciadas, geram impactos, positivos ou negativos; nos demais
setores da empresa, nos fornecedores e, por fim, nos clientes. Convém
que os funcionários, em todos os níveis e em todos os setores da
empresa tenham consciência disso.
Lidar com pessoas em atividades ou processos sempre gere aprendizado e
crescimento. Aprendi muito à frente de pessoas os conduzindo para conclusão
de projetos e atingimento de objetivos em condições fora da normalidade.
Vale a pena dedicar tempo e reflexão para a atividade de liderança.
Eu lhe desejo sucesso.